É preciso consolidar as mudanças dos anos 90 |
Tomar um cafezinho pode ser uma experiência inesquecível. É isso que as pessoas procuram e o mercado vem mostrando: cresce a procura pela qualidade, pelo grão do tipo gourmet, pelos blends especiais e de apelo diferenciado. O Paraná pode oferecer tudo isso, é hora de atentar para esse movimento e lucrar com ele. Produtores, técnicos e lideranças do Paraná nunca foram acomodados, e souberam fazer mudanças quando os desafios se impuseram. O Iapar, por exemplo, nasceu de uma dessas mobilizações, quando, no final dos anos 60, ficou claro que a monocultura cafeeira deixava nossa economia frágil e era preciso buscar alternativas tecnológicas para fazer uma agricultura mais diversificada. As voltas que o mundo dá: mais tarde, foi o instituto que contribuiu decisivamente para o renascimento da cafeicultura no Estado, arruinada pela geada de 75. O Iapar desenvolveu a tecnologia do café adensado, que deu sustentação ao Plano Integrado para Revitalização da Cafeicultura, lançado em 1991, um belo fruto da soma de esforços de entidades do governo e da iniciativa privada, trabalhando em parceria. O Plano deu certo. Atualmente, nossa produtividade média pode ir além de 20 sacas por hectare (antes era 10, no máximo) e a produção estadual mantém relativa estabilidade, com previsão de 2,2 milhões de sacas nesta safra. Mas a área plantada vem se reduzindo drasticamente e já preocupa; nesse ritmo, em alguns anos até o atendimento ao nosso consumo interno, estimado em 3,6 milhões de sacas por ano, ficará comprometido. Para entidades do governo e da iniciativa privada, técnicos e lideranças do setor, é o momento de encarar um novo desafio: consolidar, de uma vez por todas, as mudanças iniciadas na década de 90. É preciso estimular o plantio de novas áreas e estabilizar a produção estadual. É preciso ”elevar o astral” da nossa cafeicultura, criar um clima positivo de sinergia para consolidar o café paranaense no âmbito nacional e (por que não?) internacional. Temos produto, qualidade e competência para isso. A hora é agora; afinal, pasmaceira nunca foi característica dos paranaenses e, no aspecto dos preços, faz tempo que não vemos uma conjuntura tão favorável. Precisamos ser pragmáticos. O Paraná tem uma ”musculatura” invejável e é altamente competitivo: temos armazéns, torrefadoras, indústrias de café solúvel e ainda somos um grande centro corretor do grão. Temos, sobretudo, cerca de 15 mil cafeicultores (a maioria pequenos produtores) espalhados em 212 municípios do Estado. O setor emprega mais de 36 mil trabalhadores. O café faz parte da nossa história e não podemos abrir mão dele. O Estado já ostentou o maior parque cafeeiro contínuo do mundo. Agora, em vez de um ”mar” de plantas, a pesquisa preconiza ”jardins de café” em pequenas propriedades diversificadas. Em vez de quantidade, temos, reconhecidamente, qualidade. E, com ela, a possibilidade de ocupar mercados exigentes e oferecer ao consumidor momentos de pura magia. Saboreando o café do Paraná. FLORINDO DALBERTO, engenheiro agrônomo, é presidente da Adetec, ex-presidente do Iapar e integrou a equipe que idealizou o Plano Integrado para Revitalização da Cafeicultura. |
Fonte: http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id=22047LINKCHMdt=20060527