Por José Luiz Ricchetti
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Vem de muito tempo a crise em nossa agricultura.
Ora são os financiamentos, ora os preços dos insumos, ora os preços de mercado e nós continuamos a ver a situação de penúria do produtor brasileiro, sempre a rodar o chapéu em busca de soluções e esperando que a ajuda venha do governo federal.
“Também dá fruto doce a adversidade” já disse Shakespeare e acredito que ele tem toda a razão. Quem olha hoje o mercado agrícola sabe que nada pode ser encontrado, que dê motivos para contentamentos ou esperanças, mas sempre continua valendo a máxima popular “vamos fazer do limão uma limonada”.
E, o que estamos fazemos para buscar as nossas próprias soluções?
Vamos analisar um pouco a situação dos fertilizantes, insumo básico da agricultura.
Sabemos que o mercado é praticamente dominado por um pequeno grupo de empresas que financiam o insumo ao agricultor, que em troca se compromete a pagar com a sua própria safra; o que faz com que essas, mesmas poucas empresas, lucrem muito, mais de uma vez, em cima do produtor, fazendo com que este permaneça com os encargos pesados e também não receba no final o preço justo pelo seu produto.
Qual a saída? Já se disse muitas vezes que o Cooperativismo é uma das grandes soluções e que inteligentemente seria o meio para aglutinar os produtores em busca do volume necessário para se obter um preço mais competitivo, seja na venda da safra , seja na compra dos insumos.
A própria lei 5.764 de 16/12/1971 que regulamentou as Cooperativas acentua isso, quando diz no seu Capítulo II, Artigo 3º “Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro”.
Recentemente, buscamos no mercado internacional cotações de vários fertilizantes, mais utilizados e verificamos sem qualquer surpresa, que os preços praticados no exterior são muito mais baixos que os ofertados aqui no Brasil pelos fornecedores tradicionais.
Baseado nessas cotações, a primeira questão que nos pareceu viável foi a de ofertar a um grupo de várias cooperativas, que segundo declararam na imprensa estariam se aglutinando para obter um volume ainda maior e consequentemente um preço final competitivo para seus associados.
O que recebemos como resposta foi o seguinte “A idéia foi bem recebida, mas o momento foi considerado inoportuno, dada as turbulências do mercado internacional provocando crise de liquidez, ou seja, estamos todos em compasso de espera”.
Volto a me impressionar, como nos momentos de crise não buscamos as soluções e nos deixamos impregnar pelo clima de derrotismo, principalmente vindo de um orgão que tem no seu objetivo principal a luta para gerar benefícios aos seus produtores associados. Logo essas entidades, que foram estabelecidas para lutar pelos seus associados, são as primeiras que ao menor obstáculo se retraem e se anulam na busca de soluções, mesmo que vantajosas e imediatas.
Por outro lado, o mesmo grupo de cooperativas, anunciou, também na mídia, que já teria firmado um consórcio com empresa multinacional, para a produção desses insumos. Seria então esta a solução oportuna, dada as turbulências no mercado internacional?
Fica aí a vocês produtores e associados das cooperativas a sugestão :
“Aproveite a crise e melhore o seu negócio – Comece lutando pelos seus direitos! “