ONU: países pobres precisam aproveitar ‘boom’ agrícola

Por: Jornal Tribuna do Norte

Aumento de preços e demanda abriu ‘janela de oportunidade’, diz representante
 
Adicionada em 2007-05-04 às 22:02 horas
Notícia por: Redação Tribuna News
 
 
  
 
 
Os países em desenvolvimento precisam aproveitar o bom momento das commodities no mercado internacional para aperfeiçoar a produção e impulsionar a economia. Essa é a preocupação de representantes de órgãos ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), que estiveram em São Paulo nesta sexta-feira (4) para divulgar a conferência Global Initiative on Commodities, que acontece em Brasília, na semana que vem.


Para o representante da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Alexei Mojarov, uma “janela de oportunidades” foi aberta pelo aumento da demanda e dos preços dos proutos no mercado global.


Ali Mchumo, diretor geral do Commom Fund for Commodities (Fundo Comum de Produtos de Base) reforça a preocupação. “Houve aumento de preços e da demanda, especialmente por China e Índia. Mas não temos certeza se essa tendência vai continuar”, disse o diretor da CFC.


Luca Monge-Rofarello, do PNUD, é ainda mais enfático. “Precisamos levanter a bandeira das commodities como fizemos com a da Aids e a da dívida externa no passado. É sempre mais fácil fazer reformas nos bons momentos. O mercado é cíclico. Não sabemos quanto tempo esse bom momento vai durar”.


O alerta é reforçado grande número de agricultores que dependem da produção. “Há mais de 2 bilhões de pessoas no mundo cujo modo de vida depende das commodities”, afirma Mchumo, do CFC. Dos 144 países considerados em desenvolvimento, 86 têm metade do lucro baseado na exportação de commodities. Para 55 deles, apenas três produtos são responsáveis por metade dos lucros.


Problemas

Segundo os representantes da ONU, os países em desenvolvimento sofrem com falta de infra-estrutura, alto custo de transporte, baixa produtividade e problemas de financiamento – tudo isso reduz os rendimentos dos agricultores. “Na África, os produtores de commodities gastam 40% dos rendimentos com transporte”, afirmou Rofarello, do PNUD.


Mojarov, do UNCTAD aponta que “os lucros dos produtores caíram, mesmo com o aumento da produção”. Os agricultures recebem apenas entre 4% a 10% dos preços finais pagos pelos seus produtos, segundo estudos Common Fund for Commodities (CFC), da Organização das Nações Unidas.


De acordo com a entidade, esse percentual vem caindo ao longo dos anos. Produtores de café da Costa do Marfim recebiam 17,5% de cada dólar pago por seu produto pelos consumidores entre os anos de 1980 e 1988. O montante caiu para 7,2%, entre 1999 e 2003.


Atração
Em muitos países ainda é preciso “criar um clima favorável” para atrair investimentos de empresas privadas na produção de commodities, segundo Mchumo, diretor geral do CFC. Os financiamentos do fundo são feitos em parceria. Para cada um deles, o órgão disponibiliza, em média, US$ 3 milhões.



Na avaliação de Mchumo é possível chamar a atenção de investidores apostando em mercados segmentados, como chás e cafés de algumas áreas africanas, que têm alto valor agregado e são produzidos em pequena quantidade. Ele apontou também que na África, por exemplo, a mão-de-obra barata e o solo favorável funcionam como chamariz.
 
 

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