Óleo e gás, infraestrutura e varejo puxam PIB em 2013

07/01/2013
 
Óleo e gás, infraestrutura e varejo puxam PIB em 2013
Economistas apostam em novas áreas de exploração de petróleo, nas concessões públicas e no consumo interno
 
Juliana Garçon jgarcon@brasileconomico.com.br


Após um ano decepcionante, os economistas esperam, a partir deste mês, uma fase de atividade mais dinâmica, alavancada por negócios nos setores de óleo e gás, infraestrutura e por algumas commodities agrícolas, como milho e café. No varejo, supermercados e vestuário devem sustentar o crescimento, em virtude da redução do endividamento da população.


“Teremos um arranque puxado por investimentos nestes próximos meses”, diz Luiz Rabi, assessor econômico da Serasa Experian, que aposta no efeito multiplicador de cadeias de negócio longas, como são as obras de infraestrutura e exploração de óleo e gás, apesar da conta geral de investimentos, ainda baixa — na casa de 18% do PIB — para as necessidades do país.


No setor de óleo e gás, além dos desdobramentos dos projetos já iniciados, o mercado conta com um novo ânimo motivado por duas rodadas de licitação de campos de petróleo, um no pré-sal e outro fora. “Após um intervalo de quatro anos, e com a aparente consolidação dos regimes de distribuição de royalties que serão aplicados aos futuros campos petrolíferos, as novas licitações terão um papel fundamental para o setor”, diz Saulo Murari Calazans, do escritório Dannemann Siemsen.


“Tendo em vista os investimentos já feitos e os que virão no futuro próximo, espera-se o surgimento de novas técnicas, sistemas e equipamentos desenvolvidos no Brasil, que vão alavancar a competição e o conhecimento tecnológico na indústria offshore”, analisa Calazans.


A temperatura do segmento poderá ser aferida em junho, quando acontece a Brasil Offshore — Feira e Conferência Internacional da Indústria de Petróleo e Gás, em Macaé, com expectativa de receber 51 mil visitantes e abrigar 700 expositores.


Força interna


“O mercado de trabalho permanece bem e estamos verificando uma melhora gradual no crédito, com queda da inadimplência”, observa Cristiano Souza, economista do Santander, que aposta no consumo como alavanca do PIB em 2013.


Rabi, da Serasa Experian, também vê as contas das famílias como fator decisivo para o resultado do ano. “Depois do porre de endividamento que o brasileiro tomou, agora é um momento de mais fôlego”, diz.
Com emprego e renda nos patamares atuais e o mercado de crédito mais saudável, o brasileiro vai gastar mais no supermercado e em roupas, aposta Fabio Pina, assessor econômico da Fe comercio. A força do varejo ficará mais evidente fora de São Paulo, avalia, crescendo entre 6% e 7%, contra expansão de 4% a 5% no estado, que é um mercado mais maduro e saturado.


Paulo Ângelo, conselheiro da consultoria Dasein Executive Search, concorda nas apostas em infraestrutura, logística e consumo, agregando educação e saúde à lista de setores que devem se destacar neste ano.
Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA da FAAP, também deposita as esperanças nos negócios que dependem dos gastos dos brasileiros. “Setores ligados a consumo interno continuam puxando a economia.”


Ganhos no campo


Disputando produtos agrícolas com o mercado internacional, o mercado local também ajudará a sustentar os preços de café e milho, que já tiveram valorização em 2012. “Os produtores de café devem continuar apurando margens de rentabilidade superiores à média histórica nas safras de 2012/2013 e 2013/2014”, aposta Guilherme Melo, analistas do Rabobank.


A produção de soja e milho deve crescer, mas, devido à quebra de safra nos EUA, a relação entre oferta e demanda ficará apertada. “As perspectivas de margens para os produtores seguem bastante positivas”, diz Renato Rasmussen, especialista do mesmo banco.


As dúvidas ficam por conta dos setores em que o governo tem forte intervenção. “O investimento privado não vai acompanhar o estatal, pois há um ambiente de desconfiança, especialmente quanto ao setor elétrico, pois a MP 579 ainda tem de passar no Congresso, onde o governo terá de fazer muitas concessões”, acredita o economista Horácio Braga, da FGV. ^
 

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