A OIC (Organização Internacional do Café) divulgou ontem seu relatório mensal sobre o mercado cafeeiro, relativo a maio deste ano. No documento, o diretor-executivo da entidade, Néstor Osorio, explicou que, embora a safra 2008/09 ainda esteja em curso num certo número de países produtores, os números da entidade indicam uma redução da produção mundial para 126 milhões de sacas de 60 kg (no relatório antecedente eram previstas 127 mi/scs), representando um aumento de 6,80% em relação ao ciclo 2007/08, quando foram colhidas 118,060 milhões de sacas.
É válido lembrar que a safra 2008/09 é de ciclo cheio, principalmente em decorrência do período de alta na produção bienual de arábica do Brasil. Mesmo sendo maior que a temporada antecedente, o executivo da OIC apontou que foram registradas quebras em várias nações produtoras, tais como Equador (-40,8%), Indonésia (-24,7%), Guatemala (-17,8%), El Salvador (-14,6%), Honduras (-12,2%), Papua Nova Guiné (-12,2%), Costa Rica (-10,9%), Nicarágua (-5,9%) e Vietnã (-2,8%). “Essa quebra é imputável principalmente aos problemas climáticos e a restrições decorrentes do alto custo dos fertilizantes e da mão-de-obra em muitos países produtores”, justificou Osorio.
No caso específico da Colômbia, ainda segundo ele, a redução da colheita se deveu a condições climáticas adversas e ao programa de rejuvenescimento dos cafezais do país. “Tenho recebido relatórios informando que as perdas tenham atingido níveis de até 40% em algumas áreas, o que, consequentemente, pode fazer a atual safra do país ficar abaixo de 10 milhões de sacas”, comentou o executivo da OIC, ponderando, no entanto, que “uma avaliação final só será possível quando for concluída a mitaca (período de produção que vai de fevereiro ao fim de setembro, o qual, nos últimos anos, correspondeu a cerca de 60% do total colhido pelos colombianos)”.
Divergências na projeção
Para o Banco Fortis, entretanto, em 2008/09 a previsão de produção é de 134,16 milhões de sacas. Ainda segundo o banco, a safra mundial de café deve aumentar para 141,3 milhões de sacas em 2009/10, resultando num excedente de 12,4 milhões de sacas em 2009/10, em comparação a 6,46 milhões de sacas em 2008/09.
“A produção maior de café arábica no Brasil em 2009/10 é o principal fator de aumento na produção global. Como o Brasil produzirá mais arábica em 2010, em função do ciclo bienual das lavouras, esperamos uma forte recuperação na produção geral”, afirmou o Fortis. Já a produção de café robusta, que vem principalmente do Vietnã, deve diminuir ligeiramente em 2009/10, de acordo com as estimativas do banco.
O consumo global deve ficar quase inalterado em 128,9 milhões de sacas em 2009/10, contra 127,7 milhões de sacas em 2008/09. “Devido à profunda recessão econômica mundial, que evidentemente está impactando o consumo de café, esperamos um crescimento de menos de 1% na demanda em 2009/10 em comparação à safra atual”, disse o Fortis.