São Paulo, 30 de Janeiro de 2006 – A restrição da oferta de café neste período de entressafra e os altos preços da commodity no mercado se refletiram na demanda pelo produto nos dois leilões pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) este ano. No pregão do dia 26, foram compradas todas as 70 mil sacas ofertadas, enquanto em 10 de janeiro a aquisição correspondeu a 99,64% das 30 mil sacas leiloadas. Diante da pressão das torrefadoras, o ministério pode elevar o volume do próximo leilão, em fevereiro, para 100 mil sacas, segundo o coordenador geral de planejamento do departamento de café, Lucas Tadeu Ferreira. “O resultado dos leilões reflete a dificuldade do setor para comprar café no preço nos atuais preços do mercado físico”, diz o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz. O pagamento de 10% da mercadoria leiloada à vista, com parcelamento do restante em seis vezes estimula a procura pelo café ofertado nos leilões, segundo Ferreira. A maior parte das sacas leiloadas para compor o blend dos cafés torrados e moídos é da safra 1986/87. “Com o tempo, o café perde sabor e aroma, por isso é negociado com deságio”, diz Herszkowicz. No primeiro leilão do ano, o preço médio pago por saca de café bebida dura tipo 6 foi R$ 176,72 e, no segundo, R$ 178,51. Na última sexta-feira, a saca no mercado físico era negociada de R$ 295 a R$ 305, segundo levantamento do Escritório Carvalhaes. “Considerando as despesas com frete, manuseio, troca de sacaria do produto adquirido no leilão e os gastos com PIS/Cofins, o preço médio por saca fica em R$ 200”, afirma o diretor-executivo da Abic. Herszkowicz destaca que as 119,82 mil sacas compradas nos leilões de janeiro equivalem a cerca de 9% da necessidade mensal das torrefadoras de 1,3 milhão de sacas. A soma das vendas dos dois leilões chega a R$ 30 milhões – R$ 8,804 milhões no primeiro e R$ 21,299 milhões no segundo. “A venda é um dos instrumentos mais fortes de capitalização do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira)”, completa Herszkowicz. No ano passado, o Ministério da Agricultura vendeu 974 mil sacas por meio de leilões, arrecadando R$ 158,5 milhões, segundo Ferreira. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 12)(Chiara Quintão) |