Além disso, diante das turbulências na economia mundial, não há espaço para a commodity “subir muito”.
A oferta ajustada de café no Brasil deve segurar os preços nos atuais patamares no mercado doméstico. Além disso, diante das turbulências na economia mundial, não há espaço para a commodity “subir muito”. Essas são avaliações de Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), maior exportadora de café do Brasil.
Em entrevista ao Valor na última semana, Costa avaliou que não deve haver “excesso de café” no mercado brasileiro e por isso as cotações do grão arábica devem se manter próximas dos níveis atuais, entre R$ 490 e R$ 520 por saca.
Para o presidente da Cooxupé, estimativas oficiais e de tradings e consultorias indicando uma produção brasileira na safra 2016/17 entre 50 milhões e 54 milhões de sacas são “plausíveis” e “mais realistas”.
A Cooxupé, que não faz projeções para a safra total de café do país, estima que a produção do grão em sua região de atuação no ciclo 2016/17 deve alcançar 9,5 milhões de sacas. Desse volume, 7,5 milhões de sacas devem ser produção de cooperados da Cooxupé.
No ciclo 2015/16, quando parte das regiões de cultivo de Minas foi afetada pela seca, a produção na região da Cooxupé somou 7,7 milhões de sacas, considerando cooperados (6,18 milhões de sacas) e não cooperados.
O presidente da Cooxupé reiterou que a expectativa é receber dos associados 4,9 milhões de sacas do grão na nova safra e adquirir outras 1,2 milhão de sacas no mercado. O total previsto, 6,1 milhões de sacas, é 19% superior ao volume da temporada 2015/16. Ademais, a meta é exportar um total de 4,6 milhões de sacas de café da safra nova.
Embora as turbulências globais possam limitar altas nos preços do café no mercado internacional, Paulino mantém o otimismo em relação à demanda. “Apesar da crise, o consumo de café não caiu. Não acredito em queda”, afirmou.
O dirigente também mostrou otimismo com a situação da safra de café na região da Cooxupé, onde a colheita deve se iniciar a partir de maio. Segundo ele, apesar das temperaturas elevadas, as lavouras não têm sido prejudicadas. A razão é que o clima foi favorável em períodos importantes como a floração e o desenvolvimento dos grãos.
Com isso, diferentemente do ciclo 2015/16, na safra nova, há um maior percentual de grãos mais graúdos (peneira 16 acima, o mais demandado pelos importadores). Segundo Costa, na safra passada apenas 20% dos cafés tinham esse tamanho. Na nova temporada, disse, a expectativa é voltar ao índice considerado normal, entre 25% e 28% dos grãos com essa dimensão.
Ontem, os preços do arábica tiveram forte alta na bolsa de Nova York, refletindo o otimismo que tomou conta dos mercados globais e a queda do dólar em relação ao real, que desestimula as exportações brasileiras. Os contratos para maio fecharam com alta de 405 pontos, a US$ 1,2060 a libra-peso. (Colaborou Camila Souza Ramos)
Fonte : Valor