Programa de Desenvolvimento do Oeste
Por Alessandra Nascimento
Sexta economia do País e primeira do nordeste, a nova Bahia inicia 2006 colhendo resultados. Um dos programas responsáveis pelo crescimento baiano é o Programa de Desenvolvimento do Oeste. Iniciado nos anos 80 pela Secretaria do Planejamento, Seplan, ele foi responsável por mudar em 20 anos a cara de uma região que tinha o tamanho do estado de Pernambuco e era pouco desenvolvida. Segundo o secretário do Planejamento do Estado da Bahia, Armando Avena, com a introdução do agronegócio na região houve um expressivo crescimento da produção de graõs no Estado, “ saímos da faixa de 800 mil toneladas por ano e no ano passado chegamos a seis milhões, sendo que 60% veio do oeste.
“O oeste responde pelo cultivo de soja no estado. Na Bahia em 2005 foram produzidos 2,4 milhões de toneladas de soja. Crescimento de 54% em relação a 2003 na produção estadual. Apenas de área plantada são 870 mil hectares. Além da soja, são cultivados milho, feijão, algodão, frutas e um pouco de café”, observa o secretário.
Avena lembra que o controle da “ferrugem asiática” – praga que ataca a soja – não impediu o crescimento da cultura. Ele considera entre os locais que mais se destacam no oeste os municípios de Barreiras, a região do Além São Francisco, incluindo Luis Eduardo Magalhães e Juazeiro. A produção do oeste baiano também responde pelos 60% de grãos oriundos do chamado “Nordeste Setentrional”, que inclui Piauí, Ceará e a Bahia. “O desenvolvimento do oeste já engloba indústrias beneficiadoras de produtos agrícolas como as que fazem óleo de soja. A vinda da Bunge e da Cargill são provas disso. Paralelo ao crescimento está a transformação do pólo de serviços daquela região e a área de infra-estrutura que começa a ser repensada”, avalia Avena. O secretário argumenta que enquanto a safra de grãos de soja cresceu em 6% no período 2003 a 2005, no Brasil diminuiu em 5,9% e acrescenta: “Antes da soja o principal produto exportado era o cacau. Hoje soja e frutas ocupam lugar de destaque”. O secretário salienta que a Juazeiro é considerada a maior produtora de frutas da Bahia
O grau de importância das exportações também foi alterado no Estado. A soja no ano passado representou US$ 337 milhões em exportações com uma produção estimada em 2,4 milhões de toneladas. Em segundo, o cacau, que não é produzido no Oeste, e soma US$ 224 milhões em exportações. Já o algodão – produto cultivado no oeste – responde por US$ 138 milhões em exportações com uma produção de 778 mil toneladas, 95% do montante é cultivado no oeste. As frutas, responsáveis por 140 mil toneladas da safra 2004/2005 somam US$ 103 milhões em exportações e são destacadas na produção da região do oeste. Em último aparece o café, cultivo que começa a ser trabalhado na região e teve 2,3 milhões de sacas vindas do oeste com US$ 89 milhões em exportações.
Armando Avena critica o descaso do governo federal com o oeste da Bahia. Segundo o secretário, se houvesse melhores investimentos nas estradas, sobretudo na BR-242, a região poderia ter um incremento em 30% da produção.
“A rota de escoamento do oeste precisa ser revista pelo governo federal. O crescimento daquela região está comprometido se não houver melhorias na infra-estrutura de escoamento da produção”, diz. Ele cita a construção do Hospital do Oeste e a recuperação de um trecho de 240 km da estrada que liga Correntina a Santa Maria da Vitória como integrantes de um programa de investimentos da região elaborado pelo governo do Estado.
“A falta de melhorias no tráfego da produção agrícola dificulta a ampliação da produção. Os grãos do oeste são exportados de forma precária. O ideal seria que o governo federal investisse em portos, ferrovias e hidrovias como a do São Francisco. Não posso calcular os prejuízos, mas posso afirmar que há negócios que deixam de ser feitos”, critica o secretário.