Alécia Pontes
PEDREGULHO – Texas e Flórida são a próxima parada dos grãos da Octavio Café. Hoje, o grupo fornece café para Nova York, Washington, Nova Jersey e regiões do nordeste dos Estados Unidos. Agora, a meta – que já está sendo alcançada – é o sul e o oeste do país. Em dois anos, a empresa quer cobrir todo o território norte-americano.
Dentro dos planos de expansão da companhia está o crescimento na América do Sul, especialmente no Chile, onde a Octavio Café deve abrir nova loja. As projeções foram feitas por Marcelo Crescente, principal executivo (CEO) da Octavio Café em Nova York. \”Em dois anos, o Octavio Café cobrirá totalmente os Estados Unidos\”, projeta Crescente.
Os grãos fornecidos pela Octavio Café são cultivados na Fazenda Nossa Senhora Aparecida. A propriedade, que está localizada em Pedregulho, interior de São Paulo, produz uma média móvel de 35 mil sacas de café por ano, em 1,2 mil hectares, onde se concentram cinco milhões de pés.
Os cafés e blends da Octavio atualmente são enviados para Nova York, Washington e Nova Jersey. Eles também começam a chegar na Flórida e no Texas, de onde são distribuídos para suas respectivas regiões. \”É a única empresa que possui um programa dessa magnitude nos Estados Unidos\”, afirma o executivo.
Para Crescente, a diversidade de cafés produzidos nas 20 microfazendas – em 20 minirregiões da Alta Mogiana – faz a diferença na hora de conquistar mercado. \”O conceito brasileiro de café é diferente. Essa diversidade proporciona sabor exótico aos tipos de café\”, afirma.
De acordo com o executivo, o café e suas versões – como o capuccino e o late – nos Estados Unidos são 50% mais líquidos. \”A Octavio levou para lá o mesmo café servido no Brasil, o que despertou interesse pelos lotes especiais da fazenda\”, disse.
Para garantir a qualidade dos grãos, segundo Crescente, os embarques serão limitados. \”Um blend da Octavio fez um sucesso absurdo em Nova York: em dois meses as 30 sacas enviadas foram absorvidas\”, comenta.
Segundo Gil Barabach, analista da Safras & Mercado, a qualidade reconhecida dos cafés da região da Alta Mogiana se deve à altitude e à pouca umidade na época de colheita. \”Isso também ajuda a determinar o bom padrão da bebida, como ocorre na região do Cerrado, que é extensão da Mogiana\”, explica.
Dados da Safras mostram que o Estado de São Paulo, onde está localizada a Alta Mogiana, é o terceiro maior produtor de café e o mais tradicional do Brasil. Em primeiro lugar, respondendo por mais da metade do volume nacional, está Minas Gerais. A região é seguida pelo Espírito Santo. \”O Espírito Santo é conhecido pela produção de café conilon\”, afirma Barabach.
Estatísticas realizadas pela Safras apontam uma colheita nacional de 55 milhões de sacas de café para este ano.
Na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, a boa classificação do produto também é garantida na colheita dos grãos, que é feita nos meses mais frios do ano. De acordo com Crescente, em no máximo duas horas todo o café colhido é transportado para processamento. Ao todo são três sistemas: natural, lavado e cereja descascado. \”Utilizamos a torra média, ideal para que se realce o aroma e o sabor\”, diz Crescente.
Além da torrefadora da Fazenda em Pedregulho, a Octavio Café possui a Dallis Coffee, empresa de torrefação, com sede em Nova York. A Dallis é conhecida por importar, desde o início do século passado, grãos de café de diferentes partes do mundo, como Indonésia, Honduras, Quênia, Etiópia e Costa Rica. \”Mas o Brasil sai na frente em preferência norte-americana. Fechamos parceria com cafeterias e restaurantes para ampliar mercado para os cafés Octavio\”, afirma o executivo.
A fazenda Nossa Senhora Aparecida é certificada internacionalmente pela Rainforest Alliance e Utz Kapeh. \”Essas são duas das mais importantes certificações socioambientais do mundo\”, diz o executivo.
Para conferir de perto a qualidade do café da Octavio, um grupo composto por 13 formadores de opinião dos Estados Unidos visitou a fazenda no último fim de semana. \”É importante que se conheça todo o processo para que a informação chegue transparente aos nossos consumidores\”, diz.