20/05/2009 – O mercado é promissor e o caminho é a tecnologia. Pela contínua baixa nos estoques mundiais, o café promete se tornar uma das melhores opções agrícolas nos próximos anos. Mesmo com seca e custo alto, quem acredita na commodity está apostando em máquinas e equipamentos de irrigação e se diz satisfeito com os resultados.
Produtividade – Enquanto a maioria dos produtores tradicionais enfrenta falta de mão-de-obra, escassez de água e queda no rendimento, cafeicultores como Jorge Atherino, de Lupionóplis (Norte), ganham em produtividade e veem a plantação crescer com mais vigor. Ele foi atrás de alternativas e optou pela ferti-irrigação, um sistema em que os fertilizantes são dissolvidos na água e a mistura é dosada gota por gota ao pé da planta.
Sistema – O sistema vem sendo introduzido no Brasil pela israelense Netafim e chegou a Lupionópolis através da Agrofito, uma empresa com sede em Matão (SP). Com investimento de R$ 7 mil por hectare (quase o dobro do custo da irrigação normal), Atherino afirma que conseguiu elevar a produção de 15 sacas para 24 sacas por hectare em um ano nas áreas mais secas. Ele acredita que poderá chegar a 80 sacas nas próximas safras.
Sistema revolucionário – Dos 120 hectares de café, 20 já possuem o sistema de irrigação considerado revolucionário em sua propriedade. A idéia agora é estender para toda a lavoura as mangueiras com gotejadores. Trata-se de uma rede que alimenta as plantas com doses homeopáticas de fertilizantes. Os produtos são dissolvidos na água e, assim, absorvidos rapidamente, como uma “injeção na veia”.
Investimento – O investimento na ferti-irrigação soma R$ 70 mil para cada lote de 10 hectares, sem contar o valor necessário à perfuração do poço artesiano, para áreas que não possuem reservatório de água limpa. Atherino aplicou ainda R$ 250 mil em uma colheitadeira, reduzindo de 250 para 30 as contratações na colheita. Esses números traduzem uma aposta de longo prazo. “O consumo está reduzindo os estoques e quem conseguir boa produtividade de café tipo exportação terá grande espaço.”
Estoques – Os estoques brasileiros foram reduzidos a 1,2 milhão de sacas (60 kg) no ciclo 2007/08, 10% do volume verificado dez anos atrás, quando o país tinha metade do café estocado em todo o mundo. No último ano, voltaram a crescer, mas permanecem na casa de 6 milhões de sacas, ou 15% dos estoques mundiais, mostra o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Atualmente há cerca de 40 milhões armazenadas, um terço do necessário para o consumo anual da bebida no planeta.
Conab – A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê 15% de queda na colheita atual, que começou em abril e segue até setembro e deve render 39 milhões de sacas. A maior parte dessa redução é atribuída à bienalidade. No Paraná, no entanto, a retração deve ser maior. O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab) diz que, além do recuo que ocorre a cada dois anos, as lavouras vão render 8,2% a menos, um desfalque de 130 mil em 1,6 milhões de sacas. Em parte porque os produtores, desanimados com seca e custos, eliminaram 7,6 mil ha (8,2%) de cafezais.
Raras – Segundo informações das cooperativas e do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), as áreas com irrigação localizada são raras no Paraná. O quadro é atribuído à falta de conhecimento dos produtores sobre o assunto.