O melhor café do mundo – Produtor recebe R$ 14,8 mil por saca

Por: O Estado de Minas








Produtor recebe R$ 14,8 mil por saca de 60kg do grão premiado em concurso de qualidade
Graziela Reis
Emmanuel Pinheiro
Com um sorriso no rosto, Francisco Isidro mostra a mão cheia com o grão de café do lote vencedor
Além de maior produtor de café do mundo, agora o Brasil também pode se vangloriar de ter o melhor grão e, conseqüentemente, a melhor bebida. Na semana passada, o cafeicultor Francisco Isidro Dias Pereira recebeu cheque de pouco mais de R$ 169 mil como prêmio por ter produzido o melhor grão do mundo. Um lote de 12 sacas de 60 quilos de sua fazenda, a Santa Inês (do grupo Sertão), de Carmo de Minas (Sul do estado), teve lance recorde de US$ 6,5 mil, ou R$ 14,8 mil (na cotação de janeiro), por saca de 60kg, durante o 7º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil – Cup of Excellence, realizado em janeiro, em Poços de Caldas.

Segundo o presidente do júri do concurso, Silvio Leite, o café de Francisco Isidro recebeu 96,5 pontos. Tal pontuação nunca foi alcançada nos 23 anos de realização do Cup of Excellence no mundo, incluindo sete edições brasileiras. “O produtor conseguiu um café com mais atributos de corpo, de sabor e de doçura”, afirma. Os 34 jurados que votaram foram unânimes na escolha. A segunda pontuação mais elevada, já alcançada nos concursos do Cup of Excellence, foi atingida por um café da Nicarágua. Também participam da disputa amostras da Colômbia, El Salvador, Bolívia e Honduras.

O presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Alexandre Frossard Nogueira, lembra que Minas Gerais é o maior estado produtor de café. Por isso, também é de Minas que sai a maioria dos cafés especiais. “Não há como negar. Temos o melhor café do mundo. E Carmo de Minas está fazendo seu dever de casa”, afirma. Os cafés que receberam a segunda e a terceira colocação também foram colhidos no município. No pregão do Cup of Excellence foram leiloadas 807 sacas de cafés especiais, totalizando uma movimentação de US$ 427,7 mil ou mais de R$ 900 mil.

80 ANOS Francisco Isidro conta que o lote vencedor foi colhido de uma lavoura que já está com 80 anos, da variedade bourbon. Apesar de antiga, a plantação é tratada “com muito carinho”. Tanto que, nos últimos 30 anos, já foi podada três vezes e passou por dois decotes. “Colher café bom dá trabalho.”

No ano passado, o grupo Sertão, que tem 600 hectares de café plantado, colheu cerca de 20 mil sacas. Dessas, 20% foram de cafés especiais, sendo 90% exportadas. O café premiado foi arrematado por duas lojas de café estrangeiras: a australiana Michels Espresso (Instaurator) e a canadense Caffe Artigiano. Elas levaram 15 sacas com um investimento que daria para comprar 583 sacas de café brasileiro fino tipo exportação, que no dia do concurso, 10 de janeiro, era negociado por R$ 290 a saca.

O produtor Cláudio Junqueira Ferraz de Almeida, da Fazenda Santa Rita, de Carmo de Minas, também foi um dos ganhadores do 7º Cup of Excellence. Com dois lotes de seu café, o Black Gold, ele alcançou a 11ª e a 26ª colocações. Seu foco principal está no mercado interno. No ano passado, ele colheu cerca de 10 mil sacas, das quais 30% foram de grãos especiais. Segundo seu filho, Luiz Claudio Ferrari Ferraz de Almeida, depois de torrado e moído o grupo chega a vender uma saca de Black Gold por até R$ 900. “Esse mercado de especial vale a pena”, afirma.

Frossard calcula que este ano o mercado de cafés especiais no Brasil deve movimentar o equivalente a US$ 80 milhões, com a venda de 1 milhão de sacas. Segundo Silvio Leite, o mercado para esse tipo de café cresce de 10% a 15% ao ano. Na contrapartida, os negócios com o grão convencional crescem, anualmente, cerca de 1,5%.

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