Não. O café nem a cafeína, que não possui atividade quelante de metais como as tetraciclinas, não interferem na absorção do cálcio da dieta nem interferem no metabolismo do cálcio nem causam osteoporose em pessoas normais.
Estudos epidemiológicos detectaram um maior do risco de osteoporose no seu consumo excessivo (acima de 700 mg de cafeína por dia, o equivalente a mais de seis xícaras grandes diárias de café sem leite) por mulheres na pós-menopausa, algo que pode ser controlado através do consumo de café com leite (rico em cálcio). Muitos profissionais da área de saúde (nutricionistas, etc) possuem a informação errada de que a cafeína inibe a absorção de cálcio ou que aumenta a excreção do íon, podendo assim prejudicar o seu metabolismo. É preciso estudar mais e conhecer melhor o rigoroso metabolismo do cálcio no corpo humano, que não se altera facilmente. O cálcio é o principal cátion divalente extracelular. O homem e a mulher adultos normais possuem cerca de 1.300 e 1.000 g de cálcio, respectivamente, dos quais mais de 99% estão no osso. O cálcio compõe 2% do peso corporal, mas apenas 1% do cálcio total do organismo está em solução. No plasma o cálcio está presente na forma livre iônica (55 %) como um complexo não-difusível com proteínas (33%) e como um complexo difusível mas indissociável (12 %) com ânions como citrato, bicarbonato e fosfato. O cálcio está presente em pequenas quantidades nos líquidos extracelulares e, em menor grau, dentro das células, onde sua concentração ionizada sob condições basais é em torno de 0,1 microM. Um aumento temporário no fluxo do cálcio eleva sua concentração para 1 microM em resposta a estímulos hormonais, elétricos ou mecânicos, permitindo interações com proteínas que se ligam especificamente ao cálcio e que ativam inúmeros processos. A principal proteína que se liga ao cálcio em todos os organismos é a calmodulina, uma proteína que liga quatro moles de cálcio por mol de proteína. O cálcio é essencial em muitos processos importantes, incluindo a excitabilidade do neurônio, a liberação de neurotransmissores, a contração muscular, a integridade da membrana e a coagulação do sangue. Além disso, atua como segundo mensageiro para as ações de muitos hormônios.
Para realizar estas várias funções, o cálcio precisa estar disponível na concentração certa. A concentração plasmática normal é entre 8,5 e 10,4 mg% (ou mg/dL ou 2,1 a 2,6 mM) e cálcio plasmático está presente na forma livre iônica (55 %) como um complexo não-difusível com proteínas (33%) e como um complexo difusível mas indissociável (12%) com ânions como citrato, bicarbonato e fosfato. Os seus níveis são rigorosamente controlados pelo hormônio da paratireóide (HPT), que aumenta, e a calcitonina, que diminui a calcemia. A vitamina D, na sua forma ativa 1,25-dihidroxi-colecalciferol, e o fosfato sérico (PO4) também influem na regulação da calcemia. O tecido ósseo atua como reservatório para o íon e os rins atuam na sua excreção. Por isso, é impossível interpretar um determinado valor da calcemia total sem se levar em conta a concentração das proteínas plasmáticas. Um alteração de 1 mg/dL na concentração plasmática da albumina a partir de um valor nominal de 4 g/dL altera o cálcio total em 0,8 mg/dL. A regulação da concentração extracelular de cálcio está sob um rigoroso controle endócrino que atua desde sua absorção e entrada no intestino bem como sua saída pelos rins, controlando um grande reservatório esquelético de onde o cálcio é retirado nos momentos de necessidade.
O organismo humano possui uma grande reserva de cálcio. O esqueleto contém 99% de todo o cálcio do organismo em uma forma cristalina que lembra o mineral hidroxiapatita, porém outros íons, incluindo Na, K, Mg e Fe também estão presentes no arcabouço do cristal. O conteúdo de cálcio no osso no estado de equilíbrio reflete o efeito final da reabsorção e da formação de osso, dois aspectos associados da remodelagem óssea. Além disso, uma reserva lábil do cálcio é prontamente permutável com o líquido intersticial. As taxas de troca são moduladas por drogas, hormônios, vitaminas e outros fatores que alteram diretamente a renovação óssea ou influenciam o nível de cálcio no líquido intersticial.
Nos Estados Unidos, cerca de 75 do cálcio da dieta são oriundos do leite e seus derivados. A recomendação dietética para adolescentes e adultos até os 24 anos de idade é de 1.200 mg/dia e aquela para os adultos idosos é de 800 mg/dia. Embora o consumo de cálcio pelos homens americanos aproxime-se da recomendação dietética para todas as faixas etárias, os consumos médios por meninas e mulheres não atingem os níveis sugeridos por volta dos 2 anos de idade e jamais se recuperam. O cálcio só entra no organismo pelo intestino. Dois mecanismos diferentes contribuem para esse processo : o transporte ativo dependente da vitamina D ocorre no duodeno proximal e a difusão facilitada em todo o delgado, respondendo por um grande percentual da captação total do cálcio. Também existe uma perda intestinal diária obrigatória do cálcio de cerca de 150 mg/dia, refletindo o mineral contido nas secreções da mucosa e secreções biliares e nas células intestinais descamadas.
A eficiência da absorção intestinal do cálcio é inversamente relacionada com o consumo deste elemento, de modo que uma dieta pobre em cálcio leva a um aumento compensatório na absorção percentual, devido em parte à ativação da vitamina D. A intensidade desta resposta diminui consideravelmente com a idade. Fármacos como os glicocorticóides e a fenitoína deprimem o transporte intestinal do cálcio. A cafeína não interfere na absorção do cálcio. Alguns componentes da dieta, como, por exemplo, o folato e o oxalato, deprimem a absorção do cálcio promovendo a formação de complexos inabsorvíveis. As doenças associadas a esteatorréia, diarréia ou má absorção intestinal crônica também determinam perda de cálcio nas fezes.
A excreção urinária do cálcio é o resultado final da quantidade filtrada rio glomérulo e da quantidade reabsorvida. Cerca de 9 g de cálcio são filtrados todos os dias. A reabsorção tubular é muito eficiente, com mais de 98% do cálcio filtrado retornando à circulação. A eficiência da reabsorção é regulada pelo paratormônio (PTH), mas também influenciada pelo Na+ filtrado, pela presença de ânions não- reabsorvidos e por agentes diuréticos. Os diuréticos que atuam na porção ascendente da alça de Henle aumentam a calciurese. Em contraste, os diuréticos tiazídicos separam a relação entre a excreção de sódio e cálcio, diminuindo a calciúria. Parece que a regulação minuto a minuto do cálcio plasmático deve-se ao efeito do PTH no túbulo renal. O cálcio urinário é apenas discretamente influenciado pelo cálcio da dieta nas pessoas normais. Quantidades significativas de cálcio são secretadas no leite durante a amamentação; a sudorese também contribui um pouco para as perdas diárias.
A hipocalcemia causa um quadro clínico com cãibras musculares, tetania, estridor, dispnéia , diplopia, cólicas abdominais, maior freqüência urinária, convulsões, catarata no hipoparatireoidismo crônico, retardo mental e distúrbios do crescimento em crianças e intervalo QT prolongado no ECG. No tratamento da hipoocalcemia o médico procura corrigir a causa primária, como ingestão ou absorção inadequadas (má absorção, hipovitaminose D), perda aumentada (insuficiência renal crônica, diuréticos), doença endócrina (hipoparatireoidismo, pseudo-hipoparatireoidismo, Carcinoma medular da tireóide secretando calcitonina), hipoalbuminemia ou hiperfosfatemia. Medicamentos são usados como gluconato de cálcio a 10%, EV, 1-2 g na tetania (10-20 ml a 10%) , gluconato de cálcio a 10%, EV, 1-2 ml/kg (diluir com água destilada 50 a 100 ml) e administrar 1 ml/min nas convulsões e suplementação oral de vitamina D e cálcio.
Referências:
LIMA, D.R. (2004) MANUAL DE FARMACOLOGIA CLINICA, TERAPÉUTICA E TOXICOLOGIA, MEDSI, RJ. 2200 pags. FONTE: http://www.cafeesaude.com.br/faq/#resp4