13/7/2007 – 01:31
* Romilton Marinho Vieira
Semana passada, como de costume, na árdua tarefa da advocacia, me dirigi a Vara de Execuções Fiscais para consultar um processo e tive duas surpresas: A primeira que o meu cliente foi agraciado com uma bela Decisão e a segunda que, enquanto olhava o processo, sem me aperceber, foi colocado à minha frente, um saboroso cafezinho, feito, penso, naquela hora.
Acredita, caro leitor, a gratuidade é ainda um valor que impera em nossa comunidade. Sem que tivesse pedido qualquer coisa, um cafezinho bem quentinho foi colocado à minha frente e estava uma delícia, saboroso!. Só me restou um agradecimento genérico a todos que ali se encontravam e, disse ainda, que voltaria outras vezes, já que com um atendimento “vip” desse jeito, estaria ali toda semana.
Saindo à procura de meu carro me veio à mente uma lembrança. Vou à Prefeitura, que fica ao lado do Cartório, falar com o Prefeito Roberto Sobrinho. Preciso pedir providências em relação aos buracos de minha rua.
Cheguei na prefeitura, me dirigi até o gabinete e perguntei pelo prefeito. A secretária, muito gentil, me disse que o mesmo não se encontrava. Ai indaguei: – E o Odair Cordeiro, chefe de Gabinete? – O mesmo encontra-se viajando! disse a bela Secretária, entretanto, há um substituto. Siga aquele corredor e na penúltima porta procure o sr. Fulano de tal, ele o atenderá.
Imediatamente me dirigi ao local indicado e me dirigi a um rapaz que se encontrava na mesa. – Gostaria de falar com o substituto do Sr Odair Cordeiro! O rapaz respondeu: – Aguarde um pouquinho, Doutor, que ele está atendendo e quando terminar o senhor será atendido. Ok. Obrigado!
Ainda sob os auspícios do delicioso cafezinho aguardei pouco mais de dois minutos; a porta se abriu e de lá saíram duas pessoas e o chefe. O funcionário então disse: – Esse senhor gostaria de falar com você! O chefe de imediato respondeu: – estou de saída, não tenho tempo!, mas quando se dirigia à porta de saída voltou para mim e disse: o que o Sr. deseja? Venha até minha sala.
O café que eu tinha tomado antes, delicioso, começara a transformar em vinagre.
Comecei a falar: – sou um cidadão que mora na rua Roberto de Souza, antigo Rua México, Bairro Embratel, que fica entre
Av. Calama e José Vieira Caúla, e gostaria de solicitar providências da prefeitura para que arrume os buracos no asfalto lá existentes! São inúmeros, inclusive diversos carros estão furando os pneus naquela localidade. Logo me interrompeu: Isso não é comigo é com o Sr. Edson Silveira! Indaguei: você não poderia interceder com o Secretário, em nome dos moradores? Não! Não!. Estou de saída e se quiser você liga pra ele.
Nesse momento, caro leitor, cometi um erro imperdoável; disse a ele: – engraçado, na administração anterior, a nossa rua sempre era arrumada e antes que eu terminasse o chefe em tom desafiador me disse: – Isso eu não admito! isso eu não admito!. Vai então procurar o
Sr. CC que ele vai arrumar sua rua e percebendo que errei ,já que estava em torcida errada, pedi desculpas a ele e disse: – Me perdoe, cheguei em hora errada, o Sr. estava de saía, encontra-se estressado e não devia tocar em nome do CC neste local e me retirei.
A fome apertava, pensei: vou pra casa comer aquela canjiquinha mineira, com costela de carneiro e depois de um sono tudo fica bem; e por azar, caro leitor, não consegui chegar em casa: o pneu do meu carro furou nos buracos da Rua Roberto de Souza (antigo México), que fica entre a Calama e Vieira Caula. Foi uma decepção só. O doce do café transformou-se num azedo vinagre.
Acredito que muitos leitores não poderão neste momento ler essa pequena crônica, já que estarão, sob o sol escaldante, consertando o pneu furado de seu carro, nos buracos da rua Roberto de Souza, que fica entre a Calama e José Vieira Caula.
* O Autor é advogado militante em Porto Velho
Autor: Romilton Marinho Vieira
Fonte: Romilton Marinho Vieira