A notícia de que a Fundação de Pesquisa Agrícola de São José do Rio Pardo está finalizando o primeiro ano de estudos sobre diferentes técnicas de plantio do café adensado, divulgado pela Gazeta em sua edição anterior, confirma o acerto do investimento feito na implantação dessa importante instituição local. Segundo a notícia, nos experimentos, realizados em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), os técnicos avaliam quais as melhores sementes e os melhores espaçamentos recomendados para a cultura do café na região e, com isso tentam melhorar a produção por área.
De certa forma, a recente história e os objetivos propostos para a Fundação de Pesquisa Agrícola rio-pardense se assemelham aos do próprio IAC, quando de sua implantação dezenas de anos atrás, em Campinas, embora, claro, cada qual tenha suas características próprias e não pequenas diferenças, a começar do orçamento disponível. O IAC é um dos maiores orçamentos do Estado para a área da agricultura paulista, enquanto a Fundação tem uma pequena fatia do modesto orçamento municipal para desenvolver suas pesquisas locais. Ainda assim, os propósitos são, em princípio, os mesmos: desenvolver experimentos que resultem em benefícios à agricultura
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Conforme a notícia do jornal explicou, os testes efetuados pela Fundação e pelo IAC foram realizados com três tipos de sementes de café: Catuaí vermelho, Obatã e Tupi – essas duas últimas resistentes à ferrugem. Em relação aos espaçamentos, foram adotadas diferentes medidas entre linhas e entre plantas. Para as linhas, o plantio foi realizado obedecendo distâncias de 1,8 metro, 2 metros, 2,5 metros e 3 metros. Já entre plantas, as distâncias analisadas foram de 50, 70, 80 centímetros e 1 metro. De acordo com o engenheiro agrônomo do IAC, Gerson Silva Giomo, os testes devem estar concluídos ao final de quatro anos, quando será possível analisar a produção da área e desta forma concluir qual a melhor técnica a ser adotada quanto ao espaçamento do café.
Importante lembrar que o café voltou a despertar o interesse dos paulistas, após décadas como cultura secundária no Estado. E, em particular em São José do Rio Pardo, onde está situado um dos mais importantes núcleos da Cooxupé, hoje tida como “a maior cooperativa de café do mundo”, o aumento lento e gradual de áreas cafeeiras mostra o acerto dos experimentos da Fundação de Pesquisa. Apesar de todo avanço da cana-de-açúcar nesta região, por conta mais do desespero de nossos sitiantes e fazendeiros, que não têm outra opção de sobrevivência neste momento, cedo ou tarde a maioria dos agricultores terá que investir em algo para o futuro e a saída pode estar no café.
É certo que o preço atual do café nos mercados nacional e internacional não é dos mais animadores. Nem por isso, porém, ele deixa de ser um investimento promissor, até porque é uma planta que dura 30 anos. Após 3 anos só de gastos com seu plantio, crescimento e início de produção, o café começa a dar frutos, oscilando, a partir daí, entre altas e baixas produtividades, conforme seu ciclo reprodutor normal. É, pois, um dos melhores investimentos para quem ainda extrai da terra seu sustento, sem contar que, ano após ano, o café só aumenta o número de consumidores em todo o planeta, exigindo uma produção mundial cada vez maior.
As técnicas que vêm sendo estudadas na Fundação de Pesquisa Agrícola rio-pardense têm por finalidade não apenas a melhora da produção mas também a preservação ambiental e, com isso, procura-se garantir a cultura cafeeira por muito tempo nesta região. É, portanto, um trabalho importante, promissor, que ainda resultará em muitos benefícios à agricultura rio-pardense e regional. Merece, por isso, nosso apoio.