O Café do Brasil sem complexo

2 de janeiro de 2006 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Gazeta Mercantil








O Café do Brasil sem complexo
2 de Janeiro de 2006 – “A Alemanha, que não planta nenhum pé de café, é a maior exportadora de café industrializado”. A frase, dita em inúmeros pronunciamentos e reportagens de autoridades e lideranças do agronegócio no Brasil, sempre soou como uma crítica às empresas brasileiras que não ganharam os mercados mundiais com suas marcas, cedendo ao modelo de exportação brasileira do café, que há 280 anos se especializou na comercialização do grão verde, uma das commodities mais comercializadas em todo mundo.

O café em grão, cujas exportações lideravam a pauta comercial brasileira até a década de 60, hoje divide sua importância com inúmeros produtos do agronegócio e da indústria de transformação, mas, em 2005, representou quase 7% das vendas externas da agroindústria.

São quase US$ 3 bilhões divididos entre o café em grão e o café solúvel. Este último, além de suprir as indústrias americanas e européias, com a venda a granel, ganhou mercados com produtos de marcas próprias, internacionalizando-as e fixando padrões de consumo e de qualidade. A verdade, é que nossa indústria de café solúvel exporta US$ 280 milhões anuais, o que é mais do que a Alemanha coloca para fora do país.

Mas conquistar a preferência de consumidores estrangeiros com café torrado em grão, ou com café torrado e moído, para consumo doméstico ou fora do lar, e que representa quase 80% do consumo mundial, sempre foi uma tarefa para a qual as empresas brasileiras sempre olharam de longe e com um pouco de receio.

Afinal, o Brasil nunca exportou café torrado e moído até 2002. Nossos industriais não conheciam como funcionavam os mercados estrangeiros, como era feita a distribuição, qual o nível de concentração em cada região e quais as características de qualidade dos cafés em cada país, e que atendem ao gosto popular local.

A internacionalização das marcas brasileiras de café ocorre de diversos modos. Há registro de sucesso na construção de marcas novas brasileiras em mercados maduros, como os EUA ou o Japão, principalmente, na oferta de cafés de alta qualidade e maior valor agregado. A mais sofisticada loja de gastronomia e especialidades da França, a Hediard, colocou 4 marcas de café brasileiras em suas vitrines, no Ano do Brasil na França – 2005. A qualidade do café brasileiro, que não era reconhecida até bem pouco tempo, hoje está sendo admirada e disputa a preferência de consumidores exigentes.

Participação nas feiras mundiais de alimentos e bebidas, bem como naquelas específicas do segmento de café, mais voltadas aos interesses dos cafeicultores, tem sido uma constante entre os empresários brasileiros nos últimos 5 anos. Isto é prova de maturidade e determinação na busca de clientes.

O Brasil, há mais de um século o maior produtor e exportador de café do mundo, está expandindo seus negócios em todas as direções. Aumentamos a produção média anual, dobramos a produtividade, tornamo-nos o maior vendedor de grãos de alta qualidade no mundo, ampliamos o consumo interno, criando programas inovadores como o Selo de Pureza e o novo PQC – Programa de Qualidade do Café, da ABIC, que estão sendo estudados e copiados em outras regiões produtoras do planeta e iniciamos nossas exportações de café torrado e moído, com sucesso especial na oferta de cafés tipo gourmet.

Estes sãos os indicadores destes novos tempos dos Cafés do Brasil, sem complexo e pronto para alçar vôos ainda mais ousados.

(Gazeta Mercantil/Caderno A – Pág. 7)(Nathan Herszkowicz – Diretor Executivo da ABIC – Associação Brasileira da Industria de CaféE-mail: nathan@abic.com.br )

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