Os futuros do café, que acumulam ganhos de mais de 10% no período de 30 dias, devem continuar sustentados na Bolsa de Nova York (ICE Futures US).
São Paulo, 09/08/2017 – Os futuros do café, que acumulam ganhos de mais de 10% no período de 30 dias, devem continuar sustentados na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). O suporte vem do movimento de cobertura de posições vendidas por parte dos fundos e das notícias sobre a safra brasileira. Alguns produtores apontaram que o grão está menos graúdo do que o esperado, o que tem feito traders apostarem em uma safra brasileira ainda menor do que já está previsto. Um embolso de lucros, o entanto, não está descartado para hoje.
O contrato com vencimento em setembro ganhou 70 pontos (0,49%) nesta terça-feira e fechou em 142,75 cents por libra-peso. O viés altista predominou e a mínima ficou em 141,90 cents, apenas 15 pontos abaixo do fechamento imediatamente anterior. A máxima foi de 143,75 cents (mais 170 pontos). Com isso, os futuros se aproximaram mais da resistência imediata de 145 cents para o vencimento setembro (máxima do dia 20 de abril). Segundo participantes, uma alta acima de 146,10 cents deve atrair novos compradores. O suporte mais importante permanece os 140 cents.
Apesar do viés de alta, o início do período de notificação de entrega do vencimento setembro/17 começa em 23 de agosto, o que pode pressionar os futuros. Até lá, as rolagens de posição por meio da negociação de spreads, principalmente setembro/dezembro, tendem a se intensificar. Atualmente, o vencimento setembro tem 74 mil contratos abertos, enquanto o vencimento dezembro tem 68,5 mil contratos. A diferença entre os dois tem caído significativamente nos últimos dias.
A colheita no Brasil se aproxima do fim e, segundo o diretor de Trading da Comexim USA, Rodrigo Corrêa, os rendimentos estão menores do que o esperado, com grãos não tão graúdos. Mas os estoques nas bolsas estão aumentando, o que limita o movimento de alta. Ontem, a ICE relatou um incremento de 1.417 sacas nos estoques, para 1,565 milhão de sacas.
Segundo Costa, as exportações mais fracas no Brasil têm sido compensadas por embarques maiores da Indonésia, Colômbia e Honduras nos últimos meses. “Portanto, quantitativamente falando, praticamente não há preocupação de um suposto aperto em um ano deficitário por parte das indústrias dos países consumidores”, disse o trader. Ele, porém, levanta dúvidas sobre por quanto tempo mais esses países devem conseguir cobrir a menor oferta brasileira.
O dólar ficou praticamente estável durante boa parte da sessão de terça-feira e não influenciou os futuros do café. Próximo ao fechamento, entretanto, a divisa se fortaleceu após a fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que vai “abrir fogo e fúria como o mundo nunca viu antes” se a Coreia do Norte intensificar a ameaça nuclear contra Washington. No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,14%, aos R$ 3,1296.
Analistas destacaram que os ganhos constantes nos preços devem ajudar a desencadear mais negócios no mercado físico brasileiro, principalmente vendas futuras. Isso porque, diferentemente da atual safra, a temporada 2018/19 não será prejudicada pelos efeitos da bienalidade da cultura, o que tende a elevar significativamente a produção e derrubar os preços.
No mercado físico, os preços do arábica subiram mais de R$ 10 a saca em apenas três dias, segundo informaram os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Os ganhos foram impulsionados pela elevação das cotações internacionais e pela menor oferta nesta safra. Na terça-feira, o Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 478,66/saca. Apesar da retração de muitos produtores, os patamares mais elevados do grão têm estimulado as negociações no spot.
Quanto ao robusta, o mercado continua mais calmo. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6, peneira 13 acima fechou a R$ 415,89/saca, baixa de 0,2% na comparação com segunda-feira. Para o tipo 7/8 bica corrida, a média de ontem foi de R$ 408,15/saca, recuo de 0,2% na mesma comparação. O valor é à vista, com produto a retirar no Espírito Santo.
O clima continua favorável para a colheita do restante da safra brasileira. De acordo com a Climatempo, áreas de instabilidade devem ajudar a formar algumas nuvens no sul e leste de São Paulo e podem ocorrem pancadas de chuva hoje. Nas demais áreas da Região Sudeste, entretanto, o sol deve predominar.
Com o tempo ajudando nos últimos dias, a colheita de café na área de atuação da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), a maior do setor no mundo, tem avançado rapidamente. Até o sábado passado (5), a colheita atingia 83%, segundo levantamento divulgado ontem. Os trabalhos estão adiantados em comparação com a mesma época do ano passado, quando a colheita atingia 75%.