Publicação: 05/03/07
A vinda de cafeterias estrangeiras para o Brasil, como Starbucks e Nespresso, da Nestlé vem despertando o interesse dos brasileiros investir neste setor. As empresas se destacam por vender café expresso de alta qualidade. Para o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, o número de lojas no Brasil tem potencial de crescer 20% anualmente. Hoje existem 2,5 mil unidades no País, número que pode chegar a 3 mil entre 2007 e 2008.
“Temos um horizonte muito positivo para esse segmento”, declara Herszkowicz. Para ele, a presença das estrangeiras no Brasil ajudam a potencializar a qualidade do café brasileiro e incentiva os investimentos nacionais neste setor. A expansão de lojas de café ocorre principalmente nas principais capitais do País, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Porém, em termos de volume, o café utilizado nas cafeterias é pouco significativo, representa menos de 0,5% da produção brasileira de café, que na última safra chegou a 42,5 milhões de sacas. A explicação para isso, diz Herszkowicz, é que para apenas um quilo de café em pó são feitas até 140 “doses” de café expresso. Mas em valores, o número é expressivo, o mercado movimenta cerca R$ 150 milhões anuais – o equivalente a 70 milhões de xícaras.
O negócio de cafeterias vem despertando o interesse de personalidades públicas. O ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, vai inaugurar a primeira cafeteria em junho na Avenida Faria Lima, região nobre da capital, para vender cafés especiais. A casa foi batizada de “Octavio café”, surgiu devido ao nome do pai, Octavio Quércia – um tradicional produtor de café (falecido) – que coincidiu com a palavra “octogno”, que indica as oito características do café (entre doçura, acidez, corpo e aroma ) da região de Alto Mogiana, onde situa a Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Pedregulho, que era da família Quércia e hoje do ex-governador.
O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, também está envolvido no negócio de café. Ele é sócio da Rubro Café, rede de cafeterias do Rio de Janeiro. O ex-governador de São Paulo, diretor-presidente da Panamby, administradora de imóveis, que passa a administrar também a marca Octavio Café, disse a este jornal que foram investidos R$ 2 milhões na cafeteria. A expectativa dele é expandir o número de lojas nos próximos anos. Hoje a marca Octavio Café já existe. É usada na comercialização de grãos da fazenda, que possui três mil hectares, dos quais 1,25 mil estão ocupados com café. A propriedade produz 30 mil sacas de café em média por ano – 90% são destinadas às exportações. Serão reservadas 2,5 mil sacas de café anuais para serem processados na cafeteria. A fazenda já vende cafés especiais para alguns restaurantes de Brasília e Rio Grande do Sul.
A idéia é ampliar o negócio para o mercado paulista. Dentro da fazenda está sendo construída uma torrefadora, que deverá consumir R$ 4 milhões só no maquinário. Será inaugurada ainda neste semestre, para abastecer o mercado interno, com café torrado e moído, disse Quércia, também presidente a Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana (AMSC). O presidente global da torrefadora, Illycaffè anunciou na última semana o lançamento da primeira cafeteria no Brasil em 2008.
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 7)(Viviane Monteiro)