J.B. Matiello, S.R. de Almeida e Iran B. Ferreira– Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé
As ocorrências de problemas novos, em lavouras de café, têm sido frequentes no campo. São sintomas ou sinais de anormalidades, que acontecem em diferentes partes das plantas e que chamam a atenção pela dificuldade de sua caracterização, em relação aquilo que já se conhece, da prática ou de citação na literatura.
Aqui se relata um tipo novo de ataque em cafeeiros, do ácaro e da leprose, afetando os ramos novos das plantas.
A leprose é uma doença que tem se tornado importante nas regiões e anos mais secos e quentes, sendo causada por um vírus e transmitida pelo ácaro Brevipalpus phoenicis. Os sintomas normais, bem conhecidos, da infecção aparecem na folhagem, através de lesões translúcidas circulares ou acompanhando as nervuras, sendo o vírus pouco sistêmico, dependente de transmissão pelas picadas do ácaro.
Também, lesões ocorrem nos frutos, sendo que nos frutos aparecem lesões de cor de ferrugem e com aspecto deprimido e, nos frutos maduros descolorações na casca, de forma circular. Em alguns casos, mais recentes, tem sido descritos sintomas diferenciados nos frutos, com lesões bem pequenas e em grande numero em cada fruto, as lesões ficando de cor marrom e, ao se juntarem, chegam a tomar grande parte da superfície do fruto, acelerando a secagem da sua casca.
Nos ramos, a condição nova de ataque ocorre apenas na ramagem lateral, que sai internamente no cafeeiro, constituída, principalmente, de bifurações saídas dos ramos produtivos primários. As lesões nesses ramos são pouco visíveis, mas o sintoma final da infecção é a seca e morte de muitos ramos da planta.
Nessa situação, pode ser que parte da morte seja devida não só à leprose em si, mas, ainda, à infecção, em seguida, de fungos oportunistas, secundários, como o Colletotrichum , favorecidos pelas machucaduras provocadas pelo próprio ácaro, ou pela lesão da leprose.
Os novos sintomas, agora observados, guardam relação com o ataque de leprose, pelo hábito dos ácaros transmissores se localizarem mais dentro das plantas. O efeito secundário dos fungos pode estar sendo facilitado pelo efeito primário por ácaros, com ou sem prévia contaminação pelo vírus da leprose.