Os dois primeiros quiosques remodelados serão ocupados por uma filial do centenário Bar Luiz e uma franquia da Cafeteria Nestlé. O Bar Luiz levará para orla o seu premiado chope e pratos do seu cardápio alemão, como a salada de batata com salsichão
RIO – Sai a água de côco tomada de canudinho e o petisco frito, entra o café expresso, o crepe, pratos elaborados como salsichão com salada e a água de coco servida na jarra. Estas serão algumas das mudanças que poderão ser observadas a partir desta quinta-feira, quando serão inaugurados em Copacabana, em frente ao Copacabana Palace, os dois primeiros quiosques do projeto de revitalização das 309 instalações da orla da cidade.
Os dois primeiros quiosques remodelados serão ocupados por uma filial do centenário Bar Luiz e uma franquia da Cafeteria Nestlé. O Bar Luiz levará para orla o seu premiado chope e pratos do seu cardápio alemão, como a salada de batata com salsichão.
Já o carro-chefe da cafeteria, além do café expresso, será o crepe. O cardápio inclui ainda sanduíches frios e sorvetes. “Será um cardápio com baixas calorias para altas temperaturas”, afirma a sócia da franquia, Trancy Nogueira, que também era quem tinha a cessão do antigo quiosque. “As pessoas sempre reclamavam que nosso cardápio era muito restrito. Agora teremos praticamente a estrutura de um restaurante”.
A obra custou R$ 1,3 milhão para a empresa Orla Rio, que ganhou a concessão por 20 anos. Com a nova estrutura, a Orla Rio pretende aumentar o público que freqüenta os quiosques, sobretudo à noite. Os estabelecimentos funcionarão 24h e terão câmeras integradas com um botão de alarme ligado diretamente às centrais da Guarda Municipal e da Polícia Militar.
Apesar da variedade de alimentos e do maior conforto e controle de higiene que os novos quiosques prometem oferecer, a chegada dos novos estabelecimentos deverá provocar uma mudança radical na relação dos cariocas com a orla. O clássico coco-verde cortado na hora e tomado no canudinho, por exemplo, corre risco de extinção. Não há nenhuma garantia de que a água de coco continuará sendo vendida. Ao menos, não do jeito que o banhista conhece.
Na Cafeteria Nestlé, a água de coco continua no cardápio, mas será servida na mesa numa jarrinha e custará R$ 3. Hoje, o coco é vendido a R$ 2 ou a R$ 2,50. “O conceito do nosso quiosque é outro e nem se compara o custo e qualidade da nossa infra-estrutura e serviço”, afirma Trancy.
Deque e banheiro subterrâneo
Os quiosques têm cinco metrôs quadrados a mais que os anteriores e estrutura transparente para deixar a paisagem à vista. As mesas agora estão em um deque, construído sobre a areia, liberando a área do calçadão. Os novos estabelecimentos têm cozinhas e depósitos são subterrâneos. Por outra escada, o usuário tem acesso aos banheiros. A tarifa será de R$ 1, mesmo valor da que é cobrada nos postos da praia. Já a ducha, com direito a toalhas e sabonetes, custará R$ 3,50. O acesso é gratuito para idosos, crianças até 7 anos e deficientes.
O projeto é uma Parceria Público Privada que vai render R$ 88 mil reais mensais de aluguel à Prefeitura, fora a participação de 5% nos contratos comerciais. Em contrapartida, a Orla Rio recebeu a concessão de exploração comercial dos e 309 quiosques, numa extensão litorânea de 34km – do Leme à Prainha.
A Orla Rio afirma que o projeto de revitalização será responsável pela geração de quatro mil empregos – três mil postos diretos e mil indiretos – depois que todos os quiosques forem instalados. Entre as redes que já mostraram interesse em levar suas marcas para a orla estão Bob’s, Mc Donald’s, Gula Gula, Spoleto, Domino’s, Empório Pax, Manekineko, Guapo Loco, Cafeína, Manoel & Juaquim, Dom Camilo, Mondego, Conversa Fiada e Informal.
O quiosqueiro que detém a cessão de uso do estabelecimento atual tem a prioridade, mas também pode optar em arrendar ou passar o direito de uso. Um grupo de quiosqueiros reclama dos custos do novo projeto e não concorda com as mudanças, mas a prefeitura afirma que vai estender as obras por toda a orla.
A Orla Rio quer inaugurar os 309 quiosques até os Jogos Pan-Americanos de 2007. Mas a licitação feita pela prefeitura para as obras está suspensa pela Justiça. Por enquanto, estão autorizadas a construção de apenas outros três. Em Copacabana. O Ministério Publico Federal questiona a construção dos deques em cima da areia, área da Marinha e que requer o pagamento de taxa ao governo federal para a sua exploração comercial.