Seguro Paramétrico é demandado principalmente por empresas dos setores de energia e agronegócio; Tradener fechou apólice com a Swiss Re, intermediada pela consultoria e corretora de seguros Aon
O agronegócio é um dos mais importantes setores da economia, representando quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, ou cerca de 22%. Além dele, o setor de energia é outro segmento primordial para a estabilidade do país. Esses dois setores têm em comum a exposição ao risco climático, já que os resultados financeiros das companhias são diretamente impactados quando ocorrem variações inesperadas.
Para proteger essas empresas, seguradoras e corretoras de seguros passaram a trabalhar na criação e popularização de um novo produto, o seguro paramétrico. Ele não garante a oferta do recurso natural, mas cobre os prejuízos financeiros decorrentes da falta ou excesso dessa variável climática, seja ela precipitação pluviométrica, velocidade dos ventos, diferença de temperatura e irradiação solar. “O produto ainda está no seu início, mas há uma grande demanda, principalmente de empresas geradoras e comercializadoras de energia elétrica, bem como companhias do agronegócio”, afirma Mateus Angelo, especialista em Infraestrutura da Aon Brasil.
De acordo com ele, o seguro foi criado para mitigar os prejuízos financeiros causados pelos efeitos do aquecimento global e das mudanças climáticas ao longo dos últimos anos. “Essas alterações climáticas provocaram mundialmente grandes perdas financeiras para as companhias. A criação desse seguro pode reduzir a incerteza para toda a cadeia de valor”, diz.
O executivo ainda explica que as apólices são elaboradas sempre de maneira personalizada. “Para o agronegócio, por exemplo, a demanda desse produto é relacionada à quebra do faturamento, redução de margens, perda de qualidade da safra e outros impactos negativos em sua operação decorrentes da performance ruim do clima”.
Recentemente, a Tradener, uma das maiores comercializadoras independentes de energia elétrica e gás natural do país, fechou uma apólice de seguro paramétrico com a Swiss Re, intermediada pela Aon. O negócio foi resultado de um trabalho que a consultoria fez junto às seguradoras para criar um produto capaz de atender à demanda de empresas com negócios que podem ser afetados pela variação climática imprevista.
“O plano de cobertura foi desenhado com base nas mais modernas análises estatísticas. Ao elaborar a apólice, nós buscamos mitigar qualquer prejuízo financeiro ocasionado por alguma variação climática. Os setores mais afetados e que mais podem se beneficiar com esse seguro são o de energia e agronegócio, por exemplo”, afirma Mateus Angelo. “Além disso, estamos intensificando nosso trabalho junto ao mercado e acreditamos que, num futuro próximo, ele não se restringirá apenas aos setores de energia e agronegócio. Mas nós acreditamos que em um futuro próximo outras empresas utilizarão esse recurso para mitigar o risco climático.”, complementa.
A Tradener fechou o negócio para proteger o seu fluxo de caixa de qualquer variável climática. “Decidimos contratar o seguro, pois o valor investido é muito inferior ao prejuízo ocasionado por fatores climáticos desfavoráveis ou por alguma catástrofe natural”, diz José Siqueira, gerente de Preços da Tradener.
Ainda de acordo com o executivo da Tradener, o seguro paramétrico representa uma nova fronteira a ser explorada e uma expansão para o mercado livre de energia, que representa 30% do setor elétrico no Brasil. “A contratação desse seguro possibilita um expressivo aumento de liquidez nas empresas, com a possibilidade de terceirizar os riscos e proteger o consumidor da variação de preços”, explica Siqueira.
Atualmente, apenas duas seguradoras, a Swiss Re a Allianz, estão habilitadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) a comercializar o seguro paramétrico. Mas a expectativa é que com o aumento da demanda, mais seguradoras se preparem para comercializar esse produto.