Novo plano para o setor será anunciado em junho

Por: Diário do Comercio

21/05/2013 
 

Volume de recursos a ser disponibilizado deve ultrapassar R$ 115,2 bi
 
MICHELLE VALVERDE

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, confirmou que o Plano Agrícola Pecuário (PAP) 2013/14 será lançado no próximo dia 4 de junho. A expectativa é que ele seja inovador tanto em valores como na abrangência. A declaração foi feita durante palestra realizada no “Conexão Empresarial”, evento promovido pela VB Comunicação, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.


De acordo com o ministro Antônio Andrade, o volume de recursos a ser disponibilizado deverá ser bem superior aos R$ 115,2 bilhões destinados ao PAP na safra 2012/13. Além das linhas tradicionais, os valores também poderão ser utilizados para armazenagem, inovação tecnológica, entre outros. Conforme o ministro, o governo federal está dando atenção especial ao setor agropecuário. “Nossa vontade era de que o plano fosse ainda mais arrojado, mas isso não foi possível devido às atuais dificuldades econômicas”.


No plano passado, os juros máximos praticados eram de 5,5%, o que deve ser mantido no PAP 2013/14. “Para esse plano não temos como reduzir muito as taxas, isso devido à inflação, mas garantimos que os mesmos não irão superar os 5,5%. Para o projeto atual estamos disponibilizando outros benefícios como, por exemplo, maior prazo para o pagamento”, disse Andrade.


Café —Outro assunto discutido foi o anúncio do preço mínimo do café que desagradou os produtores do país. O setor, com base nos dados apurados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pleiteava que o valor fosse corrigido para R$ 337, média nacional de custo de produção da saca, porém o reajuste foi de 17%, passando dos R$ 261 por saca para R$ 307.


De acordo com Andrade, o cálculo do preço médio de custo feito pela Conab foi equivocado. O ministro afirmou que a metodologia utilizada deixou de calcular o custo de produção em dois estados de importância na produção, porém o ministro não quis revelar quais estados foram excluídos.


“A princípio, a metodologia usada pela Conab não foi adequada. Diante desse quadro, fizemos a revisão de todos os preços e chegamos à conclusão que os R$ 336 inicialmente estimados pela Conab não eram reais. Levando-se em conta os dois estados, o preço mínimo foi calculado em R$ 307. Para favorecer o setor, resolvemos antecipar a utilização do novo preço mínimo, setembro para maio deste ano”, ressaltou. O ministro também afirmou que o governo federal vem estudando novas políticas para o setor cafeeiro. ‘Vamos estudar todo o setor, para criar novas políticas, uma vez que o segmento cafeeiro tem grande importância na economia de mineira e do país. Somente no Estado são produzidas em torno de 25 milhões de sacas de café ao ano. “Se Minas fosse um país, seria o maior produtor mundial”, disse. Para este ano-safra, 2013/14, o governo federal, através do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), irá liberar cerca de R$ 3,1 bilhões para comercialização e estocagem do grão. Segundo Andrade, com esse valor, o produtor terá condições de segurar a safra e negociar a preços mais vantajosos. Outro ponto que deverá contribuir para a retomada dos preços do café é a possibilidade do governo federal de investir na recomposição dos estoques, que hoje estão praticamente zerados.


“Com o aumento do preço mínimo, os estoques mundiais baixos e a disponibilização de recursos para a estocagem, acredito que os preços do café serão novamente estimulados”, avaliou.


Logística preocupa ministro


O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, António Andrade, durante o Conexão Empresarial, falou ainda sobre as mudanças no reajuste dos preços mínimos de outras culturas, além do café. Segundo ele, a intenção do governo é reajustar os valores anualmente, o que não acontece hoje. Somente n o caso do café, por exemplo, os preços não eram modificados há quatro anos.


Vários produtos estão com os preços mínimos defasados e pretendemos corrigir o valor anualmente. “A correção é fundamental, uma vez que o produtor depende desse preço para que ocorra a formulação de políticas para cada setor”, disse Andrade.


Uma das principais preocupações do ministro da agricultura são os gargalos com a infraestrutura e logística. “O produtor ao longo dos últimos anos vem ampliando a produção através da produtividade, o que demonstra que os investimentos em tecnologia são crescentes. Para dar maior continuidade a essa expansão é preciso dar condições para que ele escoe a safra de forma otimizada e ágil”, ressaltou.


A aprovação da Medida Provisória 595/2012, a MP dos Portos, é vista pelo ministro como fundamental para agregar competitividade aos produtos do agronegócio brasileiro. De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) os custos poderão ser reduzidos em até 40%.


“Somos um país exportador de soja, milho, café, carnes, produtos que demandam portos eficientes com custos baixos e que possam proporcionar competitividade no mercado internacional. O governo federal, nos próximos anos, irá investir na melhoria dos portos e também das rodovias, para que o produtor tenha condições de investir no aumento da produção de forma competitiva. Acreditamos que através da MP, problemas como a ineficiência portuária e os custos elevados serão corrigidos. Outra questão que poderá ser sanada é a dos fretes, que ficam mais caros com a espera nas filas dos portos”, avaliou. (MV)

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