A Arábia Saudita decidiu reduzir em 10% seus preços de exportação de petróleo, no que pode ser o começo de uma guerra de preços contra a Rússia, mas com repercussões também na Venezuela, no Irã e até em empresas americanas do setor.
09/03/2020 Com a decisão, os preços de negociação internacional despencavam neste domingo, 8, com o barril do petróleo tipo Brent recuando 31,03%, a US$ 28,47, na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres. É a maior queda desde 1991, ano da Guerra do Golfo. Já na manhã desta segunda-feira (9), as perdas em Nova York e Londres eram de pouco mais de 20%.
Por volta de 7h40 (horário de Brasília), os futuros dos grãos recuavam de forma expressiva, liderados pela soja, que cedia mais de 15 pontos entre os principais contratos. Em Nova York, as baixas eram intensas também entre as softcommodities, com o açúcar recuando mais de 4%. Café, algodão e suco de laranja também operavam com perdas intensas.
A decisão saudita de cortar os preços foi uma retaliação à Rússia, que se recusou a participar de um movimento da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para reduzir a produção de petróleo e segurar os preços do produto, que estão em queda por causa da desaceleração econômica decorrente da epidemia do coronavírus.
O entrave poderia beneficiar o consumidor, mas um colapso prolongado dos preços aumentaria a pressão sobre as empresas petroleiras. Países em desenvolvimento que dependem de petróleo, como Nigéria, Angola e Brasil, também podem sofrer desacelerações econômicas significativas.
O primeiro grande impacto foi sentido pela própria Arábia Saudita. As ações da Saudi Aramco, empresa nacional de petróleo, caíram mais de 9% ontem. A Bolsa de Riad recuou mais de 8%.
Enquanto cortam os preços, as autoridades sauditas se preparam para aumentar a produção de petróleo para compensar a perda de receita. A China, maior importadora de petróleo, comprou o produto a preços baixos para estocá-lo.
A Arábia Saudita é o maior exportador de petróleo do mundo e produz cerca de 9,7 milhões de barris por dia, abaixo da sua capacidade de aproximadamente 12 milhões de barris. Se produzir mais petróleo a ajudará é outra questão.
Não há solução fácil para a situação que a Arábia Saudita e o resto da indústria do petróleo enfrentam. O mundo está inundado de petróleo, dizem os analistas, e a demanda provavelmente continuará em queda.