O mercado internacional de café registrou preços mais altos nas bolsas de futuros e no Brasil em novembro, em meio a muita volatilidade e altos e baixos.
Porto Alegre, 03 de dezembro de 2021 – A apreensão com a oferta global seguiu sendo marcante, com a safra de 2022 do Brasil prejudicada e com problemas para os embarques mundiais com dificuldades logísticas, com falta de contêineres e fretes caros, entre outros empecilhos.
A safra de 2022 do Brasil não vai atingir seu potencial, longe disso. Foi muito prejudicada por longos períodos de estiagem em 2020 e 2021 e ainda houve as geadas de julho. O clima melhorou para as floradas, mas é certa a quebra da produção. Brasil, Vietnã e outros países têm dificuldades para seus embarques com as complicações logísticas, sobretudo com escassez de contêineres.
Preocupadas com esse cenário, indústrias torrefadoras e outros compradores têm buscado mais cafés certificados depositados nas bolsas de Nova York (arábica) e de Londres (robusta), fazendo caírem o volume nas bolsas, o que é mais um sinal de alerta e de suporte aos preços.
Porém, o café segue atrelado ao quadro global de preocupações com o crescimento econômico, com as oscilações do petróleo e do dólar contra outras moedas, em um mundo que segue afetado pela pandemia. O final de novembro foi marcado pela notícia da nova variante do coronavírus (ômicron) e por quedas em bolsas de valores e nas commodities. É forte a preocupação com os efeitos na economia, com possíveis lockdowns e outras restrições que afetem o comércio.
Mas, é notório que no geral o mercado segue com fundamentos sólidos e mesmo nas quedas em NY não foi rompida a linha de US$ 2,30 a libra-peso. O cenário no café é de aperto na oferta contra a demanda, e isso fortalece os preços, mesmo abalados pela crise de nova variante da covid e com apreensões globais.
O contrato março/2022 do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) acumulou valorização de 12,4% em novembro, saindo de 206,65 centavos de dólar por libra-peso no final de outubro para 232,30 centavos na última sessão do mês de novembro. Em Londres, no mesmo comparativo, o contrato janeiro do robusta acumulou uma alta de 2,1%.
Já no mercado físico brasileiro de café, as cotações também subiram em novembro, mas com um ritmo lento na comercialização. Produtores seguram o café à espera de cotações mais elevadas e com incertezas do que vão colher em 2022. E os compradores buscam o mercado da mão-para-boca, ante a volatilidade das bolsas.
No balanço de novembro, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, subiu 10,4%, passando de R$ 1.250,00 para R$ 1.380,00 a saca na base de compra. O conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, em novembro, avançou 5,2%, passando de R$ 770,00 para R$ 810,00 a saca.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS