12/11/2006 00:11:20 – OPORTUNIDADES NOVAS TECNOLOGIAS
Empresas começam a atuar na universidade E são viabilizadas com recursos vindos de programas de fomento científico do governo federal As empresas fabricantes de produtos da nanotecnologia, em geral, surgem dentro dos laboratórios e institutos de pesquisa, pelas mãos de estudantes de pós-graduação e com a bênção de seus orientadores. E empregam mão-de-obra de alta especialização. “Aqui não tem ninguém sem graduação. E, como o crescimento depende de conhecimento, incentivamos a todos que estudem”, diz Luiz Gustavo Pagotto Simões, da Nanox. “O segredo é o conhecimento agregado, não o volume de produção”, explica Gustavo Figueira de Paula, pesquisador da Embrapa que será o responsável pela primeira fábrica da língua eletrônica, patenteada pela Embrapa em 2001.
Paula conta que, no final de 2004, a Embrapa publicou um edital para selecionar empresários que tivessem interesse em explorar a patente. “O contrato dá direito de comercializar o produto ou serviços mediante pagamento de royalties. Fui selecionado para desenvolver a língua para café”, explica.
A língua é um conjunto de sensores que avalia qualquer substância líquida: combustível, água, suco, leite, chá. Tem componentes eletrônicos para emitir sinais e a nanotecnologia está no revestimento dos sensores, feitos com polímeros especiais que interagem com o líquido. “O problema é que esse processo não é estável e precisa ser adaptado para cada caso. Por isso a Embrapa fechou contrato por enquanto, apenas para café”, diz.
Paula ainda não tem uma fábrica, nem recursos para montá-la. Vai percorrer o caminho já conhecido de muitos colegas seus, buscando apoio nos laboratórios de origem e recursos federais. “Estamos fazendo a validação da tecnologia para escala industrial e também ajustando o sistema, com ajuda da Abic (Associação Brasileira da Indústria de café)”.
A empresa está sendo formalizada com investimento do pesquisador. “O grosso, no entanto, terá que vir das linhas de fomento no governo”, diz. Um deles, o Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe), criado em 1997 e que já investiu US$ 4, 9 milhões em mais de 600 projetos. O total estimado para os equipamentos ultrapassa R$ 1 milhão, mas com a Lei de Inovação, que permite o uso de ferramentas de laboratórios públicos mediante pagamento de aluguel, pode cair para R$ 250 mil. “Isso nos ajuda a começar o negócio e rende recursos aos laboratórios, que têm um tempo ocioso grande”, explica.
No Pipe – que apóia desenvolvimento de pesquisas inovadoras sobre problemas importantes em ciência e tecnologia, a serem executadas em pequenas empresas e que tenham alto potencial de retorno comercial ou social -, a solicitação é feita pelo pesquisador com endosso da pequena empresa, em três datas ao longo do ano e o resultado da análise inicial sai em 120 dias. O programa tem três fases, com exigências diferentes em cada uma. Os requisitos básicos do pesquisador são ter vínculo com a pequena empresa ou estar associado a ela; dedicar, no mínimo, 20 horas semanais à pesquisa; dedicar-se prioritariamente à execução do projeto. E para a empresa, ter no máximo cem empregados.
Informações: www.fapesp.br/materia.php?data=58 www.fapesp.br