A organização pretende instalar escritórios de representação em bioparques nos EUA e especialistas apontam necessidade de mudar legislação brasileira sobre patentes em biotecnologia
O projeto BrBiotec estuda a possibilidade de abrir escritórios de representação dentro dos parques de biotecnologia nas regiões de Chicago e Boston, após a boa receptividade da marca brasileira da biotecnologia na Bio International Convention, em Chicago. A atenção internacional ao Brasil incentivou a vinda, logo após o encerramento da Bio, de Michael Rosen, vice-presidente sênior de Desenvolvimento de Novos Negócios da Forest City, que é responsável por estratégias de marketing para os parques de ciência e tecnologia da Universidade Johns Hopkins em Baltimore e da cidade de Chicago, em Illinois. Ele procura empresas interessadas em instalar escritórios nestes locais.
Várias das 17 empresas que estiveram presentes no estande brasileiro da Bio, maior evento do mundo no setor, já deram início a trabalhos conjuntos com parceiros de outros países após as rodadas de negócios na Bio 2010.
Além das empresas, o estande brasileiro reuniu centros incubadores, agências reguladoras e de fomento, instituições de pesquisa e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social). Segundo o coordenador da BrBiotec, Eduardo Giacomazzi, os resultados foram muito positivos no levantamento e trocas de informações, projeção da imagem institucional e evolução no relacionamento comercial, ao lado do início de negócios. A BrBiotec tem o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e do Comitê Nacional de Biotecnologia, entre outras organizações.
“O objetivo durante a BIO 2010 foi divulgar nossa indústria de biotecnologia, apresentando a mensagem do potencial brasileiro e da capacidade das empresas, destacando o estágio consolidado da produção de biocombustíveis”, explica o Secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Francelino Grando Grando. “A receptividade foi muito boa, embora o Brasil ainda seja pequeno em Biotecnologia, comparativamente a outros países lá representados. Houve uma surpresa favorável com o numero de visitas ao estande e de pedidos de audiência aos membros de governo por parte de autoridades de outros países. Os interesses envolvem desde cooperações tecnológicas até investimentos produtivos”.
Para o diretor de Negócios da Apex-Brasil, Maurício Borges, participar da maior feira do mundo para o setor de biotecnologia demonstra o compromisso do país com a biotecnologia nacional. “Esta é uma ação estratégica de exposição do setor no momento em que o país vive excepcional visibilidade internacional. Neste cenário, intensificamos a promoção das empresas brasileiras e a atração de investimentos estrangeiros diretos para o Brasil. Os resultados mostram que acertamos ao investir no maior evento do mundo para o setor de biotecnologia”, ressalta.
No encontro, a questão predominante foi a propriedade intelectual na pesquisa em biotecnologia, porque o segmento reclama uma metodologia mais ajustada à realidade atual. As conversas circularam especialmente sobre como os diferentes países estão se organizando para garantir adequadamente a patente de suas descobertas e do resultado do desenvolvimento de seus produtos. “O Brasil trabalha rápido nesse sentido, embora ainda não tenha um posicionamento muito sólido. Foi, portanto, uma oportunidade para encaminhar informações a fim de delinear melhor os trabalhos nesta esfera para o futuro”, analisa Eduardo Giacomazzi , coordenador do Projeto BrBiotec.
O presidente do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), Jorge Ávila, reforça que precisam ser revistos o acesso aos recursos da biotecnologia e a legislação para a concessão de patentes nesta área. “Esta é uma condição para que o Brasil assegure um ambiente favorável à atração de investimentos e ao desenvolvimento da biotecnologia no país”, diz o presidente do INPI.