Novas cultivares de café Conilon são multiplicadas no Espírito Santo

Novas cultivares de café Conilon são multiplicadas no Espírito Santo Diamante, Jequitibá e Centenária, três cultivares de café Conilon desenvolvidas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper, em parceria com a Embrapa Café e apoio do Consórcio Pesquisa Café, completam um ano de lançamento e estão em plena fase de multiplicação em jardins clonais. Mas, como atender a mais de 50% da demanda de mudas de Conilon do Estado em tão pouco tempo do lançamento? Para o Incaper, essa matemática é fundamental para que a tecnologia chegue mais rápido aos produtores rurais de base familiar do Estado.


A lógica é a seguinte: ao longo de mais de 20 anos de pesquisa, o Incaper utilizou diversas estratégias de melhoramento genético, por meio de avaliação científica de mais de mil clones em diferentes ambientes. Foram consideradas 17 características associadas à produção e à qualidade da bebida. Em seguida, os pesquisadores selecionaram e agruparam os clones superiores, obtendo três novas cultivares, que se diferenciam uma da outra pela época de maturação dos frutos. Cada cultivar é formada por nove clones superiores e compatíveis. Cada um dos 27 clones que compõem as três cultivares foi multiplicado inicialmente em três jardins clonais, nas Fazendas Experimentais do Incaper de Marilândia, Sooretama e Bananal do Norte, localizadas nas regiões Nordeste, Noroeste e Sul do Estado, respectivamente, totalizando em torno de dez mil matrizes. A técnica de multiplicação clonal por estaquia em viveiro foi adotada mais uma vez para multiplicar essas matrizes. Cada planta tem potencial de gerar, por ano, 300 descendentes geneticamente iguais à mãe.


Dessa forma, as matrizes que o Incaper possui nos jardins clonais das Fazendas Experimentais se multiplicaram em 177 mil plantas superiores, que foram disponibilizadas a viveiristas cadastrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, instituições de ensino, sindicatos, associações e cooperativas, como a Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel – Cooabriel, prefeituras municipais e outras entidades parceiras.


Com esse trabalho, foi implantada no Espírito Santo uma rede de 166 jardins clonais, com as cultivares Diamante ES8112, ES 8122 ‘Jequitibá’ e Centenária ES8132, em 45 municípios capixabas. O objetivo dessa rede é multiplicar as cultivares e fazê-las chegar aos produtores capixabas.


Em outras palavras, esses 166 parceiros do Incaper, que têm em mãos 177 mil matrizes, possuem potencial para produzir de 30 a 40 milhões de mudas por ano, atendendo a mais da metade da demanda do Estado, que é cerca de 60 milhões de mudas por ano. Isso representa um grande salto na produção, na produtividade e também na qualidade do café Conilon produzido no Espírito Santo. As cultivares Diamante, Jequitibá e Centenária são cerca de 30% mais produtivas que a média de seis cultivares anteriormente desenvolvidas e lançadas pelo Incaper. Em três unidades demonstrativas (Fazendas Experimentais do Incaper), implantadas e conduzidas seguindo as recomendações técnicas, registraram produtividade média da ordem de 120 sacas por hectare, bem acima da média do Estado, que é de 35 sacas por hectare.


As três cultivares, lançadas há um ano, possuem, além de elevada produtividade, uma série de outras vantagens: oferecem a qualidade de bebida demandada pela indústria e consumidores; possuem maturação uniforme e em diferentes épocas, o que contribui para melhor gestão da mão de obra (colheita, secagem, armazenamento, beneficiamento); apresentam moderada resistência à ferrugem e, por isso, exigem menos defensivos, gerando um impacto positivo no meio ambiente; plantas com boa arquitetura para realização de poda e manejo da lavoura.


Dos 65 municípios capixabas que cultivam café Conilon, 45 já possuem jardins clonais para a multiplicação dessas cultivares. Com o cadastro de quase 40 outros parceiros, o Incaper deverá contar com mais de 200 multiplicadores até o fim deste ano no Espírito Santo. Outros Estados também se interessaram pela tecnologia, de tal forma que, por meio de parcerias com o Incaper, as três novas cultivares estão sendo multiplicadas também em jardins clonais em Itabela (Sul da Bahia), em Carangola (MG) e em Bom Jesus do Itabapoana (RJ).


“O aniversário de um ano de lançamento das cultivares de café Conilon não é apenas para comemorar o sucesso da pesquisa. É para mostrar que esse trabalho sai do âmbito científico das bases do Incaper e chega ao campo. O resultado dessa pesquisa está sendo aplicado e disponibilizado aos produtores rurais. Esse é o nosso grande objetivo”, disse Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper, coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura e dos trabalhos que culminaram com lançamento das cultivares.


Impacto das tecnologias – Das 14 cultivares de café Conilon registradas no Mapa, nove foram desenvolvidas pelo Incaper. As três mais recentes são Diamante ES8112, ES8122 ‘Jequitibá’ e Centenária ES8132, lançadas há um ano. As cultivares melhoradas representam nada menos que 36% do impacto econômico da atuação do Incaper em 2013, que foi de R$ 1,09 bilhão. O programa de pesquisa de cafeicultura é desenvolvido no Espírito Santo desde 1985. Os clones das variedades do Incaper têm sido a base de renovação do parque cafeeiro de Conilon do Estado, que se desenvolve no ritmo de 7% a 8% ao ano. As cultivares lançadas pelo Incaper associadas a outras tecnologias recomendadas pelo Instituto (espaçamento, calagem e adubação, plantio em linha, poda, irrigação, entre outras) fizeram quadruplicar a produção de café Conilon no Estado, que passou de 2,4 milhões de sacas para quase 10 milhões de sacas ao ano. A produtividade também cresceu em proporção muito significativa, registrando um aumento de quase 300% em 20 anos.


Conheça melhor as novas cultivares – Diamante ES8112, ES8122 ‘Jequitibá’ e Centenária ES8132 diferenciam-se pela época de maturação dos frutos e por pequenas variações de produtividade.


Diamante ES8112 – Tem maturação precoce e é colhida no mês de maio. É formada pelo agrupamento de nove clones de maturação precoce. Apresenta produtividade média de 80,73 sacas beneficiadas por hectare, superior em 39,19% e 14,73% às cultivares testemunhas Emcapa 8111 e Vitória Incaper 8142, lançadas em 1993 e 2004, respectivamente.


ES8122 ‘Jequitibá’ – Tem maturação intermediária e a colheita concentra-se no mês de junho. É formada pelo agrupamento de nove clones de maturação intermediária. Apresenta produtividade média de 88,75 sacas beneficiadas por hectare, superior em 47,92% e 26,07% à média das cultivares testemunhas Emcapa 8121 (maturação intermediária) e Vitória Incaper 8142, lançadas em 1993 e 2004, respectivamente.


Centenária ES8132 – Tem maturação tardia e é colhida no mês de julho. É formada pelo agrupamento de nove clones de maturação tardia. A produtividade média é de 82,36 sacas beneficiadas por hectare, superior em 37,27% e 16,99% à média das cultivares testemunhas Emcapa 8131 (maturação tardia) e Vitória Incaper 8142, lançadas em 1993 e 2004, respectivamente pelo Incaper.


A diferença na época de maturação dos frutos permite colheita escalonada da lavoura e maior período para colheita. Para o produtor, o escalonamento da colheita traz diversas vantagens, como a melhor gestão da mão de obra e a melhor utilização de terreiros e secadores.


Análise sensorial classifica bebida de qualidade superior – A qualidade superior da bebida é um dos grandes destaques dos novos materiais genéticos. Com base na avaliação sensorial, pelo protocolo de degustação de cafés finos da Coffee Quality Institute – CQI, as cultivares obtiveram médias de 77,5 a 79 pontos, o que as classifica como cafés superiores. Nos sabores e aromas das novas cultivares foram observadas notas de chocolate, caramelo, retrogosto adocicado, toque de frutas vermelhas e cacau.


Parceria, apoio e realização – Para o lançamento das novas cultivares, o Governo do Espírito Santo – por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca – Seag, do Incaper, da Embrapa Café e do apoio do Consórcio Pesquisa Café – contou também com a parceria da Nestlé, Instituto Agronômico – IAC, Universidade Federal de Viçosa – UFV, Conilon Brasil, Centro de Ciências Agrárias – CCA da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Cnpq e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo – Fapes.


Fonte Original: Embrapa Café

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