A China nesta semana disse que se envolverá mais nos esforços de ajuda aos países da zona do Euro. O “novo” anúncio amortizou o efeito negativo das baixas nas notas das dívidas de diversos países da Europa, e do infindável imbróglio Grego.
Nos Estados Unidos o menor nível de pedidos de seguro-desemprego em mais de quatro anos e a inflação de janeiro abaixo do esperado, deram folego para o Dow Jones atingir o ponto mais alto desde 21 de maio de 2008.
Os principais índices de commodities encerraram a semana com alta, liderados pelo cacau, energia e grãos.
Entre os produtos que caíram (metais na sua maioria), o café em Nova Iorque foi o que mais perdeu, 7.08% em cinco dias, ou US$ 20.17 por saca. Andando em direção oposta por conta do “squeeze”, o robusta em Londres subiu US$ 6.00 por saca no primeiro mês, e o spread março/maio negociou a US$ 208 por tonelada de prêmio, novo recorde para o contrato de dez toneladas.
O movimento dispare foi influenciado também por desmanche de posição de arbitragem entres os dois mercados, que esta semana negociou ao redor de US$ 100.00 centavos por libra – o que não se via desde outubro de 2010 (lembre que em janeiro estava em 150 centavos).
Curiosamente a queda do terminal não provocou o estreitamento dos diferenciais que normalmente acontece nestas situações. No Brasil a arbitragem demonstrou isto, assim como os preços da saca negociados no mercado interno e os negócios reportados na exportação. Outras origens se retraíram um pouco na venda, mas menos do que se imaginaria com o escorrego de US$ 15 centavos por libra do “C”.
Creio que pouco agentes do mercado apostavam na queda como veio, e do comportamento dos produtores. A “surpresa” tem um tom negativo, e pode ser lida como um sinal de arrependimento daqueles que estavam segurando suas vendas com a esperança dos preços continuarem a subir “ad eternum”.
Para piorar, o cenário de desaparecimento mais rápido dos estoques visíveis do robusta, seguido por uma forte puxada no contrato da LIFFE e da demanda dos torradores para cafés Vietnamitas, confirmam o que comentei aqui há duas semanas atrás, da atratividade de cafés mais baratos.
Chama a atenção também alguns artigos recentes que mencionam que dentro da variedade robusta encontram-se cafés de qualidade e de fácil aplicação em alguns blends e em produtos finais. É claro que ainda assim há um “gap” enorme entre as características/qualidades do arábica e do robusta, entretanto vale notar a composição da importação nos principais países consumidores, e a (cada vez maior) utilização do robusta que por ora ajudou a diminuir custos na ponta final e não impactou o consumo.
A forte baixa parece ter sido um ajuste aos pontos mencionados acima, e em função dos novos sinais de comportamento creio que o intervalo de negociação deva ser ajustado para US$ 200 e US$ 240 centavos por libra.
Tenham uma excelente semana e muito bons negócios,
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting