23 de Julho de 2007 – Grupo de Hong Kong adquire 30% da Mhag e quer abrir o capital da empresa até 2009. O grupo Noble, gerenciador de cadeia de produtos e produtor de minérios e commodities agrícolas, com sede em Hong Kong, já investiu mais de US$ 300 milhões no Brasil nos últimos doze meses e pretende ampliar os aportes. A companhia acabou de finalizar a aquisição de 30% das ações da Mhag Serviços e Mineração, com sede em Curitiba, que possui cinco jazidas de minério de ferro no Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia e Ceará, com produção anual de 4 milhões de toneladas.
Os planos para o novo investimento no País são ousados. De acordo com Ricardo Leiman, brasileiro e “Chief Operating Officer” do grupo, o objetivo é ampliar a produção das jazidas da Mhag para 10 milhões de toneladas e atingir faturamento de US$ 600 milhões em 2009. O executivo acredita que hoje a Mhag fature US$ 200 milhões por ano. Para isso, a companhia investiu US$ 60 milhões na aquisição e pretende abrir o capital da Mhag em até três anos. “A empresa tem reservas de 3,8 bilhões de toneladas, localizadas perto da costa e de zonas portuárias. Isso a torna produtora de um dos minérios mais competitivos do mundo”, explicou Leiman.
As duas empresas cultivaram uma parceria comercial durante um ano, período em que a Noble comprou minério da ferro da brasileira. “Depois soubemos que eles procuravam um parceiro para alavancar a operação e crescer no mercado e nos apresentamos com a proposta”, contou o executivo. O grupo multinacional será responsável pelo marketing da Mhag.
O Noble já conta com algumas operações no País. Além da participação na Mhag, o grupo comprou por US$ 250 milhões, em janeiro deste ano, a Usina Noroeste Paulista, produtora de álcool, açúcar e etanol em Votuporanga, no interior de São Paulo.
O Noble também possui cinco armazéns de grãos no Mato Grosso e Paraná, uma misturadora de fertilizantes no Paraná, e tem investimentos programados para a aquisição ou construção de uma nova usina de álcool, assim como de outros dois armazéns de café.
Outra área em que o grupo pretende investir no Brasil é na logística portuária.
Exportações
Atualmente, a Mhag exporta pelo Complexo Industrial Portuário de Suape cerca de 50 mil toneladas por mês. Com os novos investimentos do Noble, a previsão é que, até o final do ano que vem, ou início de 2009, passe a movimentar cerca de 300 mil toneladas por mês.
“É uma grande notícia. Só para se ter uma idéia, essa operação vai representar para o complexo quase o dobro do que recebe do Tecon Suape”, disse Fernando Bezerra Coelho, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco. Pelas 50 mil toneladas por mês, a Mhag paga ao Suape cerca de R$ 300 mil de taxas portuárias. Com o aumento previsto na movimentação, o complexo deve receber cerca de R$ 2 milhões – o Tecon, empresa que administra a entrada de cargas, paga R$ 1,2 milhão por mês.Além do aumento no volume de exportação, há o interesse da Mhag em investir no Terminal de Minérios de Suape. O governador do estado, Eduardo Campos, e o secretário de Desenvolvimento Econômico têm marcado um encontro com os exe-cutivos da Mhag, na primeira quinzena de agosto, para falar sobre os investimentos do Noble no Brasil. “Nesse encontro com o governador, a Mhag vai detalhar os investimentos no terminal. A expectativa é de que os trabalhos se iniciem ainda este ano”, observou o secretário.
Além dos investimentos em logística portuária, Leiman contou que a empresa pretende investir também em outras atividades, como pontos de estocagem de etanol, o que facilitaria as exportações. Atualmente, o grupo Noble importa 15% de todo o etanol exportado pelo Brasil, informou Leiman. “Nós controlamos uma unidade de processamento no Caribe e exportamos para os Estados Unidos.”
Essa verticalização da produção e importação dentro do próprio grupo é a principal estratégia do Noble, afirmou Leiman. “Nós tentamos integrar e participar de todos os pontos da cadeia produtiva. Temos ativos em todos os lugares do mundo para posicionar nossas operações produtoras de commodities. Buscamos movimentar a mercadoria para países onde a demanda é maior”, disse Leiman.
Segundo o executivo, China, Estados Unidos e Índia são os países que mais absorvem as commodities transportadas e produzidas pela empresa. O grupo movimenta cerca de 100 milhões de toneladas marítimas a granel anualmente. “Temos ativos em todos os lugares do mundo para posicionar nossas ofertas de commodities”, afirmou Leiman.
Brasil
O grupo Noble classifica suas operações no País como fundamentais. “O Brasil é estratégico para qualquer empresa que quer manter a liderança no comércio mundial de commodities”, observou Leiman. Para o Noble, o Brasil é um lugar para se buscar parcerias e associações visando o abastecimento de unidades produtoras. “Somos um dos maiores fornecedores de minério de ferro na China”, exemplificou. A aquisição da Mhag contribuirá para o abastecimento daquele país.
“O Brasil é um dos grandes motores a empresa.” Além da importação de minério de ferro e etanol do Brasil, o grupo Noble também compra aqui produtos petroquímicos, alumínio e soja. “A Noble é a terceira maior processadora de soja na China. O Brasil é importante porque a China é a maior importadora de soja atualmente.” O grupo Noble atua também negociando créditos de carbono e faturou US$ 16 bilhões em 2006. Para este ano, projeta receita de US$ 18 bilhões.
kicker: Empresa pretende ampliar produção da Mhag, comprar usina de álcool e investir na infra-estrutura logística do Brasil
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 4)(Wilson Gotardello Filho e Angelo Castelo Branco)