No campo, ano acaba melhor que o previsto

Por: Folha de São Paulo

DINHEIRO
05/01/2010
 
No campo, ano acaba melhor que o previsto
Exportações de soja, açúcar e café bateram recorde em 2009; carnes foram principal destaque negativo, com demanda menor. Agronegócio deve avançar em 2010 se a economia não sofrer novas turbulências, produtores devem recompor perdas, afirma o governo
 
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O ano de 2009, que começou com muito pessimismo na área econômica, terminou apontando um cenário favorável e acima das expectativas. O risco real de a economia sofrer um grande colapso não se confirmou e os produtos do agronegócio, sempre os últimos a sofrer os efeitos da crise e os primeiros a sair dela, mostraram um desempenho bom.


Há exatamente um ano as estimativas indicavam demanda mundial fraca, excesso de oferta, falta de crédito e uma grande queda no superavit comercial do agronegócio.


Seria a pá de cal para afundar ainda mais um setor que saía de elevados custos de produção, dívidas e perda de renda.


Mas 2009 terminou com um recorde de exportações de soja, de açúcar e de café, três dos principais produtos da pauta de exportações brasileiras. O destaque negativo ficou para as carnes, cujos preços tiveram forte retração no mercado externo, além de queda na demanda em várias regiões.


Os produtores acabaram sendo beneficiados até pela conjugação câmbio-preços. Estes se mantiveram acima da média histórica na maioria dos produtos, enquanto a desvalorização do real do início do ano conseguiu gerar mais renda para os produtores que fizeram negócios naquele período.


O cenário do câmbio não se repetiu no segundo semestre.


“Aos poucos, alguns aspectos da economia foram se acertando, o crédito voltou, algumas empresas solucionaram seus problemas com fusões e já existe até uma recuperação econômica”, diz José Vicente Ferraz, da AgraFNP.


Embora o cenário tenha se mostrado longe da catástrofe que apontava para 2009, para Ferraz o agronegócio não deixou de ter problemas. Um deles foi o câmbio. Após uma desvalorização, o real voltou a se fortalecer, reduzindo competitividade e receitas dos produtores.


Sobre 2010, Ferraz diz que as previsões “são um exercício de futurologia, que transcende as questões dos mercados do agronegócio. É preciso saber os rumos da economia mundial”.


As principais preocupações são com os caminhos da economia dos EUA, com uma eventual “bolha” nos países em desenvolvimento e com os rumos do câmbio no Brasil. “Tudo isso preocupa porque interfere no agronegócio”, diz.


Para Ferraz, o agronegócio dará novos passos neste ano, desde que não haja novas turbulências no mercado.


Na avaliação dele, o Brasil deve conseguir US$ 49,7 bilhões de receitas com as exportações de apenas três dos principais produtos da balança comercial: carnes, setor sucroalcooleiro e complexo soja. Se confirmado, esse valor supera os US$ 48,6 bilhões de 2009 -dados também estimados pela AgraFNP.


Nas contas do Ministério da Agricultura, as receitas totais do agronegócio ficam próximas dos US$ 62 bilhões neste ano, um valor acima do que se previa inicialmente, mas abaixo dos US$ 69,3 bilhões de 2008, quando os preços agrícolas atingiram valores recordes no mercado internacional.


Este ano pode ser também um período de recuperação de renda para os produtores. O plantio foi feito com custos menores e o valor bruto da produção agrícola para as principais lavouras deverá atingir R$ 156,8 bilhões em 2010, com alta real de 2,3% sobre o de 2009.


A avaliação é do coordenador de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques. Mesmo com a alta, o valor da produção ficaria abaixo dos R$ 160 bilhões de 2008.

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05/01/10


Exportações de soja, açúcar e café bateram recorde em 2009; carnes foram principal destaque negativo, com demanda menor


Agronegócio deve avançar em 2010 se a economia não sofrer novas turbulências, produtores devem recompor perdas, afirma o governo


MAURO ZAFALON DA REDAÇÃO


O ano de 2009, que começou com muito pessimismo na área econômica, terminou apontando um cenário favorável e acima das expectativas. O risco real de a economia sofrer um grande colapso não se confirmou e os produtos do agronegócio, sempre os últimos a sofrer os efeitos da crise e os primeiros a sair dela, mostraram um desempenho bom.


Há exatamente um ano as estimativas indicavam demanda mundial fraca, excesso de oferta, falta de crédito e uma grande queda no superavit comercial do agronegócio.


Seria a pá de cal para afundar ainda mais um setor que saía de elevados custos de produção, dívidas e perda de renda.


Mas 2009 terminou com um recorde de exportações de soja, de açúcar e de café, três dos principais produtos da pauta de exportações brasileiras. O destaque negativo ficou para as carnes, cujos preços tiveram forte retração no mercado externo, além de queda na demanda em várias regiões.


Os produtores acabaram sendo beneficiados até pela conjugação câmbio-preços. Estes se mantiveram acima da média histórica na maioria dos produtos, enquanto a desvalorização do real do início do ano conseguiu gerar mais renda para os produtores que fizeram negócios naquele período.


O cenário do câmbio não se repetiu no segundo semestre. “Aos poucos, alguns aspectos da economia foram se acertando, o crédito voltou, algumas empresas solucionaram seus problemas com fusões e já existe até uma recuperação econômica”, diz José Vicente Ferraz, da AgraFNP.


Embora o cenário tenha se mostrado longe da catástrofe que apontava para 2009, para Ferraz o agronegócio não deixou de ter problemas. Um deles foi o câmbio. Após uma desvalorização, o real voltou a se fortalecer, reduzindo competitividade e receitas dos produtores.


Sobre 2010, Ferraz diz que as previsões “são um exercício de futurologia, que transcende as questões dos mercados do agronegócio. É preciso saber os rumos da economia mundial”.


As principais preocupações são com os caminhos da economia dos EUA, com uma eventual “bolha” nos países em desenvolvimento e com os rumos do câmbio no Brasil. “Tudo isso preocupa porque interfere no agronegócio”, diz.


Para Ferraz, o agronegócio dará novos passos neste ano, desde que não haja novas turbulências no mercado.


Na avaliação dele, o Brasil deve conseguir US$ 49,7 bilhões de receitas com as exportações de apenas três dos principais produtos da balança comercial: carnes, setor sucroalcooleiro e complexo soja. Se confirmado, esse valor supera os US$ 48,6 bilhões de 2009 -dados também estimados pela AgraFNP.


Nas contas do Ministério da Agricultura, as receitas totais do agronegócio ficam próximas dos US$ 62 bilhões neste ano, um valor acima do que se previa inicialmente, mas abaixo dos US$ 69,3 bilhões de 2008, quando os preços agrícolas atingiram valores recordes no mercado internacional.


Este ano pode ser também um período de recuperação de renda para os produtores. O plantio foi feito com custos menores e o valor bruto da produção agrícola para as principais lavouras deverá atingir R$ 156,8 bilhões em 2010, com alta real de 2,3% sobre o de 2009. A avaliação é do coordenador de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques. Mesmo com a alta, o valor da produção ficaria abaixo dos R$ 160 bilhões de 2008.


 

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