© Dr. Alessandro Loiola
Como sempre ocorre desde que foi inventando o movimento de Translação, finda a Primavera, vem o Verão. Ah, o Verão…
Nessa época, o consultório meio que esvazia. Afinal de contas, é a estação do mar, do bronzeado. Daquela cadeira de nylon enferrujada que vai te deixar na mão assim que você a fincar sob o sol escaldante. Das crianças pintadas de picolé dando um colorido todo especial ao estofamento do seu carro. Do sabonete cheio de areia quando chega sua vez de tomar banho.
Ah, o verão. E você na direção do litoral, preso no maior engarrafamento do ano, sonhando alcançar a praia para experimentar tudo isso mais uma vez! Mas mal descarregou o guarda-sol e as bóias dos meninos e já é hora de voltar para o engarrafamento. Que vida, que vida! O Verão.
Como qualquer estação que se preze, o Verão tem lá os seus sintomas particulares. Por exemplo: no Inverno e no Outono, temos as irritações das vias aéreas, as gripes e os resfriados, e uma incidência maior de compulsões alimentares e distúrbios depressivos. Na Primavera, chovem rinites alérgicas e começam as lesões musculares. No Verão, é a época em que eu atendo mais pessoas se queixando de Estresse.
Desde que escapou dos laboratórios e livros de ciência no final da década de 1970, o Estresse caiu no gosto popular. Tudo quanto é tipo de queixa corre o risco de ser rotulada como “pode ser um efeito do Estresse…”. Este diagnóstico parece proliferar mais rápido que o mosquito da dengue nos meses mais quentes do ano.
O insuspeito casamento entre o Verão e o Estresse pode se explicado por uma substância que corresponde a mais de 60% do peso do seu corpo: a água. Assim como o oxigênio, ela é um dos nutrientes mais importantes da natureza. A água possui um papel essencial em quase todas as funções corporais, regulando sua temperatura, levando outros nutrientes e oxigênio até as células, removendo os resíduos do metabolismo, e protegendo vários órgãos e tecidos.
Em um dia normal de verão, o calor extremo e a umidade aumentam a perda de água e sais minerais através da transpiração e da respiração, fazendo com que uma pessoa adulta evapore mais de 2 litros de sua reserva de água em 24 horas. Quando estas perdas não são repostas corretamente, o corpo funciona com dificuldade, manifestando seu descontentamento na forma de irritabilidade, cansaço fácil, dificuldade de concentração, dores de cabeça, vertigens e náuseas – sintomas que podem ser confundidos facilmente com o popular Estresse.
Quanto mais tempo você passar desidratado, maior será seu risco de apresentar alterações na pressão arterial, na circulação sangüínea, na digestão e na função renal. Os riscos de complicações graves são maiores em pessoas acima dos 65 anos de idade, crianças com menos de 4 anos e obesos.
Para não confundir Desidratação com Estresse, e para aproveitar ao máximo os dias de sol, permita que a prevenção seja seu melhor remédio tendo sempre em mente as orientações a seguir:
– 1 – Pesquisas mostram que apenas uma pessoa em 5 cumpre a recomendação de beber 8 copos de água por dia. O adulto médio toma pouco mais de 4 copos de água, e cerca de 10% das pessoas não tomam um copo sequer o dia inteiro. Não caia nesta armadilha: mantenha uma garrafa de água sempre por perto, bebendo pequenas quantidades várias vezes ao longo do dia.
– 2 – Não espere sentir sede para tomar um pouco de água. Se você está com sede, provavelmente seu corpo já perdeu 1 ou 2 copos da sua reserva de água. Não deixe a situação chegar a este ponto.
– 3 – A água pura é o melhor líquido para manter-se hidratado. E se for gelada, ainda melhor: a água gelada é absorvida mais rapidamente, além de possuir um efeito benéfico de “refrigeração”, diminuindo o risco de superaquecimento do corpo durante o verão.
– 4 – A cafeína e o álcool agem como diuréticos, fazendo com que o organismo perca mais água através da urina. É óbvio, portanto, que a xícara de café e aquela cervejinha não pode ser contabilizadas como “líquidos hidratantes”.
– 5 – Refrigerantes e sucos industrializados podem conter açúcar e cafeína, que atuam acelerando o processo de desidratação. Evite-os.
– 6 – Ao praticar atividades físicas, leve um recipiente com água e continue se hidratando durante o exercício. Uma simples corrida pode fazer com que você perca vários litros de água e preciosos sais minerais.
– 7 – O corpo perde água até mesmo na sombra ou durante o sono, e estas perdas aumentam no verão. Comece e termine seu dia com um copo de água ou suco natural, e alimente-se regularmente, dando preferência para frutas da estação e alimentos não-industrializados.
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© Dr. Alessandro Loiola é médico, escritor, palestrante, autor de “Vida e Saúde da Criança” e “Crianças em forma: saúde na balança”
(www.editoranatureza.com.br)
Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
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