A Nestlé do Brasil tem divulgado a intenção de construir uma fábrica de cápsulas de café no país. Um investimento de R$180 milhões com geração de pelo menos 400 empregos diretos. No entanto, a viabilização do projeto depende de alguns fatores , entre eles, a autorização para importação de cafés especiais com objetivo de manter o chamado “padrão sensorial” do blend fabricado atualmente na Europa. A questão tem estimulado o debate sobre o drawback, ou seja, a autorização para importação de matérias primas com intenção de industrializar e exportar determinado produto.
O site Notícias Agrícolas teve acesso ao protocolo de intenções da Nestlé que explicita as contrapartidas da empresa para compensar o ingresso de variedades produzidas fora do Brasil. Além de políticas de investimento e compensação, o relatório destaca também os critérios para importação e a visibilidade que o café brasileiro ganharia a partir das cápsulas produzidas no Brasil.
A empresa se propõe a investir R$3,2 milhões em novas técnicas de produção e variedades de café e projeta aumento na participação de 65% para 85% do grão brasileiro no atual blend, ambas as medidas adotadas ao longo de no máximo 10 anos.
Para o produtor brasileiro, a criação de programas específicos de aumento da qualidade e garantia de sustentabilidade. Prêmios de até 17 dólares por saca para cafés especiais. E a contratação de um centro de pesquisa que analise o risco de entrada de pragas e doenças de países fornecedores.
A empresa também se compromete a importar apenas café arábica, exportar anualmente o produto processado em montante equivalente a 2 vezes mais que o volume importado, comprar aproximadamente 25 mil sacas/ano no início do projeto e a partir do aumento da demanda, utilizar cafés equivalentes cultivados no Brasil.
O principal ganho para o setor produtivo no Brasil , segundo a Nestlé, seria a inclusão na embalagem dos produtos vendidos mundialmente, um selo ou frase indicando que “contém Cafés do Brasil”.
Para o consultor de mercado , Marco Antônio Jacob, essa seria uma excelente oportunidade para que outras industrias multinacionais se instalem, industrializem e exportem seus blends. No entanto, faz algumas ressalvas como a autorização apenas para importação de cafés de qualidade superior do tipo 6 para melhor e a exigência de certificados fitossanitários para entrada desse material no Brasil.
“Não podemos perder esta chance , além do mais, compor os blends com cafés da Etiópia , Quênia , Índia , Colômbia , Guatemala , Costa Rica , entre outros é uma questão de marketing e originação. Estes cafés custam muito mais caro que o café brasileiro. Exemplo : Kenia tem um premio de 63 cents por libra sobre Nova Iorque, Colombia tem um premio de 18 cents enquanto o Brasil tem um desconto de 18 cents sobre Nova York.”
Segundo Jacob, a importação dessas variedades, economicamente não atrapalharia em nada o café brasileiro. “As quantidades importadas serão pequenas em relação ao total industrializados, conclui”.
Fonte: Notícias Agrícolas