Nosso objetivo é criar independência para produtos distribuídos aos consumidores do Nordeste, região que vem crescendo muito nos últimos anos, afirmou presidente da empresa
A Nestlé do Brasil vai investir entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões para ampliar sua produção no Nordeste – região que tem crescido além da expectativa. Para isso, a fabricante fechou na última quinta-feira (13/07) um acordo com o grupo gaúcho Bom Gosto, que este ano adquiriu a fábrica da Parmalat em Garanhuns (PE). Segundo o presidente da Nestlé, Ivan Zurita, o contrato prevê “uma espécie de arrendamento” da unidade pernambucana da Bom Gosto, de onde sairá toda linha de lácteos refrigerados da Nestlé, como iogurtes, leites fermentados e sobremesas. “Vamos construir no local onde já existe a fábrica e traremos linhas inteiras de equipamentos de produção, com contratação de pessoal”.
A Nestlé – que no passado chegou a avaliar a aquisição do ativo da Parmalat – já comprava o excedente de produção de leite da fábrica pernambucana para sua unidade de produção em Feira de Santana (BA). Agora, prevê fabricar na unidade entre 25 mil e 30 mil toneladas de produtos lácteos refrigerados por ano, segundo Zurita.
Inaugurada em 2007, com investimento de R$ 100 milhões, a fábrica da Nestlé em Feira de Santana recebeu novo aporte de R$ 50 milhões um ano e quatro meses depois, devido à forte demanda dos consumidores nordestinos. Na unidade são produzidos cereais, café solúvel, massas instantâneas e achocolatados, entre outros itens. “A ocupação da fábrica vem se dando em ritmo superior ao que esperávamos, por isso decidimos também investir em Garanhuns”, disse Zurita.
“O nosso objetivo agora é criar uma independência para os produtos distribuídos aos consumidores do Nordeste, região que vem crescendo muito nos últimos anos”, disse o presidente da Nestlé. As vendas no Nordeste já respondem por 30% da receita da Nestlé do Brasil que prevê faturar R$ 15 bilhões este ano.
O diretor-presidente da Bom Gosto, Wilson Zanatta, informou que vendeu equipamentos para fabricação de iogurtes que estavam ociosos para a Nestlé. Segundo ele, a multinacional vai investir em novas máquinas para aumentar a capacidade da unidade de Garanhuns no segmento de refrigerados, mas não será necessário construir uma nova planta porque a Nestlé vai usar apenas três mil metros quadrados dos 19 mil metros quadrados da fábrica. O contrato é válido por cinco anos, com possibilidade de renovação. A Bom Gosto, que produz iogurte somente no Paraná, com a marca Líder, receberá pelo arrendamento da área e pelo fornecimento de leite para a multinacional.
A operação deve consumir, no início, 50 mil litros de leite por dia, o equivalente a 10% da capacidade de processamento da unidade de Garanhuns, que produz também leite longa vida e tipo C, leite em pó, condensado e creme de leite. No futuro, o volume processado para a Nestlé pode chegar a 100 mil litros por dia. Segundo Zanatta, a Bom Gosto já produz concentrado de leite para a multinacional desde 2001 em Tapejara (RS), sede da companhia. O volume processado para a Nestlé chega a 200 mil litros por dia.
O investimento da Nestlé no Nordeste é uma resposta à Kraft Foods, que na semana passada anunciou aportes de R$ 100 milhões na construção de uma fábrica de chocolates e refrescos em pó em Vitória de Santo Antão, também em Pernambuco. A previsão é que a nova unidade comece a operar em 2011. O setor de lácteos é uma das prioridades da Nestlé que, com sua afiliada, DPA, deve captar este ano 2,2 bilhões de litros de leite.
As duas empresas têm até o fim do mês para entregar ao governo de Pernambuco um documento explicitando os investimentos no estado, para obter incentivos fiscais. Segundo o secretário de desenvolvimento econômico de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho, em “mbito federal a fabricante que se instalar no Nordeste já conta com 75% de abatimento no Imposto de Renda. “Em Pernambuco, oferecemos entre 75% e 95% de abatimento no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para indústrias que produzam itens considerados prioritários ao desenvolvimento local, como alimentos e bebidas”.
Quanto mais distante da região metropolitana de Recife, maior o incentivo, explica Jenner Guimarães do Rego, presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper). “O objetivo é equilibrar o desenvolvimento econômico e social de todo o estado”, afirma. No caso do investimento em Garanhuns, essa redução no ICMS seria da ordem de 90%. O estado procura atrair empresas alimentícias para a região do Agreste Meridional, onde está a principal bacia leiteira de Pernambuco, responsável por um quinto do leite produzido no Nordeste. Com informações do Valor Econômico e DCI – 17/08/2009