Companhia investirá US$ 487 milhões para garantir o abastecimento de um dos principais ingredientes de seus produtos
Tatiana Vaz, de EXAME.com
30/08/2010
A empresa, que se tornou uma das maiores produtoras de café do mundo, graças à venda de seu café instantâneo e suas linhas de cafeteiras Nespresso, planeja oferecer novas plantações e treinar milhares de cafeicultores durante os próximos dez anos. Nesse período, a empresa distribuirá 220 milhões de plantas a cafeicultores de todo mundo.
A intenção não é ser proprietária dos cafezais, nem fazer com que os cafeicultores fechem contratos de longo prazo. A expectativa do presidente executivo da companhia, Paul Bulcke, é de que a relação da empresa com os cafeicultores se estreite de tal maneira que eles privilegiem a companhia na hora de vender seus produtos.
\”Não queremos apenas ser o maior produtor de café do mundo, mas também participar de todo processo de criação do Nescafé, desde sua origem\”, diz Bulcke, que apresentará o projeto oficialmente na Cidade do México. \”Estamos fazendo isso para obter uma melhor qualidade e assegurar nossa matéria-prima\”.
A iniciativa acontece em um momento em que empresas como Nestlé, Unilever e Kraft Foods competem para garantir ingredientes como café, cacau, trigo e leite – essenciais para o desenvolvimento de seus produtos. Esse esforço é ainda mais urgente nos dias de hoje, quando a volatilidade dos preços de matéria-prima tem afetado negativamente as margens das empresas.
Para se ter ideia, os preços pagos pelos grãos de café chegaram a seu nível mais alto nos últimos 13 anos, devido às mudanças climáticas.
Mesma estratégia
A estratégia de investimento que a Nestlé está desenvolvendo no ramo do café é semelhante ao adotado pela companhia em cacau no ano passado. Na época, a empresa se comprometeu a investir na Costa do Marfim, na África Ocidental, cerca de 106 milhões de dólares em plantações de cacau com uma variedade maior criada por seus pesquisadores.
Também no ano passado, a companhia investiu em projetos de café em países do México, Tailândia e Finlândia. A diferença em relação à iniciativa que será feita agora está na quantidade de árvores que serão plantadas: dez vezes mais que em 2009.
Atualmente, os mercados emergentes são os que mais consomem café instantâneo em todo mundo. Consumidores da China, Tailândia e México estão voltando a beber café, graças à modalidade de café instantâneo.
As vendas de Nespresso subiram 30% no ano passado. Com isso, a companhia aumentará a capacidade de produção de sua fábrica no México que, além de abastecer o consumo mexicano, exportará o café instantâneo também para o Canadá e Estados Unidos.