Nematóides do cafeeiro

18 de dezembro de 2005 | Sem comentários Curiosidades Terminologias

Os nematóides são pequenos vermes que atacam as raízes do cafeeiro, sendo que as espécies mais freqüentes são: Meloidogyne incognita, M. exigua, M. paranaensis, M. coffeicola, M/ hapla, M. arabicidae e M. arenaria, Pralylenchus brachiurus e P. coffea, Xiphinema krugi, Helycotilenchus dihistera, Aphalenchus sp e Criconemoides sp.

A espécie de maior importância no Brasil é Meloidogyne incognita, que ocorre com maior gravidade nas regiões de solo arenoso, no Paraná e São Paulo, assim como em áreas restritas no Sul e Alto-Paranaíba em Minas Gerais. Outras áreas de solo arenoso (como Oeste da Bahia) são potenciais para o ataque desse nematóide. M. incognita afeta drasticamente o sistema radicular do cafeeiro, onde causa necroses e rachaduras, ficando as raízes com aspecto de cortiça, reduzindo sua absorção de água e nutriente, afetando o desenvolvimento e a produção das plantas, que se tornam fracas, depauperadas e chegam até a morrer, já que o nematóide destrói até as raízes principais (sistema radicular grosso). As lavouras atacadas tornam-se, gradativamente, anti-econômicas, acabando por ser erradicadas e geralmente substituídas por outras culturas. Esse nematóide possui várias raças (4-5 já identificadas), o que dificulta o trabalho de seleção de variedades tolerantes. Uma das raças tidas como M. incognita foi recentemente caracterizada como uma nova espécie, M. paranaensis.

Meloidogyne exigua é uma espécie que causa pequenas galhas no sistema radicular fino do cafeeiro, causando menores perdas de produção e não chegam a depauperar a lavouras em médio prazo, podendo haver uma convivência com esse nematóide, sem necessidade de erradicar a lavoura, a curto prazo. Ocorrem problemas sérios em plantios feitos sobre áreas de cafezal velho, infectado. Essa espécie encontra-se presente em todas as regiões produtoras, com exceção daquelas de café Robusta/Conillon, resistentes a esse nematóide. Algumas áreas de café Conillon foram constatadas com ataque de M. paranaensis

M. incognita tem amplo espectro de hospedeiros, sejam plantas cultivadas (algodão, batata, feijão, fumo, girassol, milho, mamona, sorgo, soja etc.), sejam árvores de proteção, como a Grevillea e o Kiri, ou ervas daninhas no meio do cafezal (capim pé-de-galinha, falsa-serralha, maria-pretinha, beldroega, mentrasto etc), o que dificulta o controle através de rotação de culturas, pois a população da praga pode manter-se na área tendo como hospedeiro essas plantas.

A disseminação dos nematóides pode ocorrer através de mudas de café e de plantas de sombra infestadas, através de enxurradas e pelo trânsito de implementos agrícolas, que levam o solo infestado (com ovos e larvas) para outras áreas, assim como os trabalhadores, que transferem solo infestado, agarrado às botas, nos dias de chuva.

M. coffeicola, uma espécie considerada inicialmente muito grave, já que danifica o sistema radicular primário do cafeeiro, teve sua importância reduzida, face ao seu pequeno espectro de hospedeiros e à sua baixa permanência na área, sendo suficiente a rotação de culturas, em curto prazo, para acabar com o problema.

Não se conhece bem, nas condições da cafeicultura brasileira, a importância das demais espécies de nematóides aqui citadas. Na Colômbia e América Central, Pratylenchus ocorre com gravidade, e na Costa Rica ocorre a associação de ataque de Meloidogyne com fusariose, dando a doença chamada de “corchosem”, que é provável estar ocorrendo em cafezais em nossas condições, conforme observação efetuada em cafezais no Sul de Minas, associação bem conhecida em outras culturas no Brasil (em pimenta-do-reino, maracujá etc.).


 


 


NEMATÓIDES


 


Os nematóides assumem importância destacada na cafeicultura nacional. Normalmente o ataque ocorre em reboleiras, sendo a sintomatologia da parte aérea mais evidente no período seco, devido à menor circulação de seiva e menor quantidade de água disponível no solo.


Esses nematóides apresentam ataque mais severo em regiões de solo arenoso, bem como em solos já degradados, com nível baixo de matéria orgânica. Essas degradações provocam mudanças na biologia do solo, que podem favorecer o aumento das populações destas espécies.


A espécie de maior importância é Meloidogyne incognita que,  pela agressividade dos ataques, ocasionam redução na  produção e muitas vezes a morte das plantas.


Seguem-se, em importância, as espécies M. exigua e M. coffeicola, que também reduzem a produção.


 


M. exigua : ocorre em todas as regiões cafeeiras do Brasil principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.


Admite-se a existência de duas ou três raças fisiológicas desta espécie, afetando variedades de Coffea arábica, bem como outras culturas : chá, pimentão, melancia, cebola e outras culturas e importância econômica.


 Produz pequenas galhas nas raízes dos cafeeiros, facilmente visíveis, que entretanto podem passar despercebidas quando as raízes sofrem dissecamento. As plantas infestadas apresentam o sistema radicular reduzido e às vezes fendilhadas. A parte aérea pode apresentar-se decadente com folhas cloróticas e queda de folhas, principalmente em períodos de seca e frio.


 


M. incognita : constatada atacando cafeeiros arábica nos Estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais, além de numerosas progênies de outras espécies de gênero Coffea.


No Espírito Santo aparece atacando cafeeiros robusta e não os arábicas. Existem constatadas 4 – 5 raças deste nematóide. As galhas produzidas por esta espécie são menores que as do M. exigua. As raízes se apresentam engrossadas, com rachaduras e com o aspecto de cortiça. Esse sintoma aparece ao longo das raízes, intercalado com partes sadias. Clorose e depauperamento geral da planta são observados.


O M. incognita esta sendo considerado como nematóide que causa maiores prejuízos à cafeicultura; além disso foi também constatado que este nematóide é problema em inúmeras outras culturas como : abóbora, algodão, feijão, trigo, etc.


Já foi constatado até o presente o seu ataque nas seguintes ervas daninhas na região do Paraná, tais como : capim pé de galinha, maria pretinha, fedegoso, marmelada de cavalo, mentrasto. É provável que futuramente esta lista seja ampliada. Como podemos notar não é fácil fazer rotação de culturas com café infestado de M. incognita


 


A disseminação dos nematóides do gênero Meloidogyne através da própria locomoção ( na fase de larvas ) é lenta, sendo que os processos normais de cultivo das lavouras podem contribuir para acelerar a disseminação através de :


 


a) Mudas infestadas : muito perigosas devido a distância que podem ser transportadas pelos cafeicultores.


 


b) Água da chuva : as enxurradas provenientes de estradas ou formadas na própria lavoura podem arrastar junto com as partículas do solo as larvas e os ovos, que em condições propícias contaminam os cafeeiros sadios.


 


c) Os implementos agrícolas e seus operadores em suas movimentações, de lavouras infestadas para a sadia, podem acelerar a disseminação do solo contaminado.


 


d) O plantio de mudas de Kiri ou de outras essências, que estejam contaminadas com nematóides nocivos ao cafeeiro, para quebra ventos ou em beira de carreadores, pode contaminar as lavouras de café, principalmente o kiri, pois resta essência é multiplicada vegetativamente ( seções de raízes ) e já se constatou nela ataque de M. incognita e M. arenaria.


 


 


Fontes:


 Cultura de Café no Brasil Novo Manual de Recomendações (Matiello, Santinato, Garcia, Almeida e Fernandes).


Agro Byte –  http://www.agrobyte.com.br/

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.