Nematóide: o inimigo invisível da agricultura

Nematóide: o inimigo invisível da agricultura

Carlos E. de M. Otoboni Engenheiro Agrônomo formado pela Unesp (Jaboticabal) e professor da Faef (Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Garça).
Os nematóides são vermes que parasitam o homem, os animais e as plantas. Nas plantas, são vermes microscópicos, caracterizados pela presença de uma estrutura chamada estilete, com o qual sugam o conteúdo das células vegetais e injetam toxinas nas plantas. Assim, são chamados de fitonematóides.

Informativo Garcafé, maio de 1998.


Parasitam predominantemente as raízes das plantas e são considerados como uma das mais importantes moléstias de muitas culturas, causando danos desde a queda sensível de produção até a morte das plantas. São exemplos: o Nematóide de Cisto da Soja (Heterodera glycines); o Nematóide Cavernícola (Radophulus similis) em banana e plantas ornamentais; o Nematóide Reniforme (Rotylenchulus reniformis) em algodão e maracujá; o Nematóide dos Citros (Tylenchulus semipenetrans); Pratylenchus spp. e Meloidogyne spp. que afetam diversas culturas, incluindo o cafeeiro, com suas diferentes espécies.

No caso específico da cafeicultura, os nematóides, principalmente Meloidogyne spp. causaram, e vem causando “verdadeiros estragos”, inviabilizando o sistema de produção em áreas infestadas.

Como dito anteriormente, os nematóides afetam as raízes das plantas, destruindo-as. Em analogia, pode-se dizer que eles destroem a “boca” da planta, impedindo que os insumos agrícolas (fertilizantes, fungicidas e inseticidas) aplicados no solo e na água, sejam assimilados. Portanto, muito dinheiro se perde quando a devida atenção não é dada aos nematóides e ao manejo dos insumos no cafeeiro e outras culturas. Algumas vezes chega-se até a acreditar que os insumos agrícolas aplicados no solo foram ineficientes, mas na verdade, o sistema radicular das plantas, destruído pelos nematóides, foi a grande causa da ineficiência dos insumos aplicados.

No cafeeiro, os nematóides mais danosos são Meloidogyne spp. (Nematóide das Galhas) e Pratylenchus spp. (Nematóide das Lesões Radiculares). Para Meloidogyne spp. têm-se cinco espécies principais em ordem: M. coffeicola, M. paranaensis, M. incognita, M. goeldii e M. exigua. Para Pratylenchus tem-se P. coffea como o mais importante.

Os sintomas observados no cafeeiro, devido ao ataque por nematóides, se confundem com os sintomas de outras causas, pois leva a planta à deficiência nutricional, permitindo o ataque severo de pragas e doenças que têm sua ação facilitada devido ao fato da planta estar debilitada. Como sintomas mais característicos nas plantas podemos relacionar a presença de galhas nas raízes, raízes necrosadas, constatação de pouco enraizamento das plantas, plantas enfezadas ou com pouco desenvolvimento. Na lavoura, a existência de reboleiras com plantas de porte reduzido, plantas de diferentes tamanhos num mesmo talhão, aparecimento de doenças exóticas ou oportunistas e evidenciamento da produção bianual do cafeeiro.

É importante também saber que a disseminação dos nematóides é por tudo aquilo que carrega solo e/ou raízes contaminadas de um local para o outro, como as mudas, as máquinas, os implementos, etc., que pode ser evitado com medidas simples de exclusão dessas formas de disseminação.

Laboratório de nematologia — Para uma boa recomendação de manejo e/ou controle dos nematóides é necessário que se respondam três questões básicas sobre eles, que são: Onde estão? Quem são? Quantos são?

Essa respostas somente podem ser obtidas através de análise nematológicas feitas em laboratórios especializados.

Sendo assim, a Faef (Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Garça), para atender à necessidade desse serviço para Garça e Região, equipou um laboratório em suas instalações para a execução de análises nematológicas. Esse laboratório está em funcionamento desde 1997 e é composto por um especialista da área e estagiários do curso de Agronomia, treinados, que executam as análises nematológicas de amostras enviadas pelos produtores, emitindo laudos que comprovam ou não a infestação de áreas por nematóides, quantificando-os e identificando-os em nível de gênero e espécie a um custo que cobre apenas os gastos operacionais. Pesquisas, com ênfase no manejo e controle de populações de nematóides, também já começaram a ser desenvolvidas e os resultados brevemente serão apresentados à comunidade.

Coleta de amostra para análise nematológica — De certa forma, é um procedimento fácil de ser executado, mas tem algumas características importantes que devem ser conhecidas para uma boa amostragem, pois ela influenciará diretamente o exame final.

O solo e raízes devem ser acondicionados obrigatoriamente em sacos plásticos e com umidade natural. As amostras nunca devem chegar secas ao laboratório. As amostras devem ser enviadas o mais rápido possível para o laboratório, mas caso isso não seja possível, podem ser mantidas na geladeira por um período de até um mês.

As amostras devem representar bem a área proveniente, portanto ela deve ser formada por sub-amostras distribuídas aleatoriamente.

Na identificação de espécies de Meloidogyne é necessário o envio de raízes que apresentem galhas viáveis do nematóide. Em áreas destinadas para o plantio de café, plantas daninhas como a corda-de-viola, caruru, a beldroega, entre outras, são hospedeiras de Meloidogyne spp. Portanto, devem ser coletadas na amostragem. Em áreas que o histórico mostra que já tenham sido ocupadas por esta cultura, é muito provável que os nematóides estejam presentes. Para melhor orientação na amostragem procure o engenheiro agrônomo de sua confiança ou então o nosso laboratório (Faef).

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