Agências não vêem perspectiva para fim da paralisação
Rejane Lima
O presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Eduardo Lopes, disse ontem que as agências estão apreensivas porque não têm perspectiva em relação ao fim da greve dos auditores fiscais da Receita Federal. “Temos de pedir para as pessoas terem bom senso e que alguma coisa aconteça, pois todos que se propõem a ajudar acabam esbarrando no Planejamento”, referindo-se principalmente à Secretaria da Receita.
De acordo com Lopes, os setores portuários têm feito vários contatos em Brasília, todos sem sucesso. “A história toda se resume à questão econômica, e é o Planejamento que acaba tendo voz ativa.” Segundo ele, agora há uma alta dose de descrédito de que a greve acabe e a situação se resolva.
“Não tem mais onde colocar contêiner. Os terminais estão cheios, as operações dos navios estão lentas. Pelo ângulo que você enxerga há prejuízo. Vá ao cais e pergunte aos caminhoneiros há quanto tempo eles não carregam um contêiner?”, diz Lopes. Segundo ele, os prejuízos são inimagináveis e afetam todos os setores da economia, como transportes, despachantes e a indústria, que sofre com a falta de matéria-prima.
De acordo com o diretor da Regional de Santos do sistema Ciesp/Fiesp, Ronaldo Forte, as empresas que precisam de produtos importados para manter a produção são as mais prejudicadas. “É muito mais o prejuízo invisível que o visível. Quanto custa uma produção parada? O impacto é muito grande porque ninguém mais está preparado pra ter estoque.”
Segundo Forte, 95% dos terminais da margem direita e 80% da margem esquerda do Porto de Santos estão lotados e a área de contêineres para a exportação está sendo ocupada pelos contêineres com mercadorias importadas que aguardam o desembaraço. “Da exportação tem saído alguma coisa”, completou.