06/03/2012
Umuarama – Em rápida passagem por Umuarama na tarde de ontem, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Jorge Alberto Mendes Ribeiro Filho, disse que o novo Código Florestal deve ser votado pela Câmara dos Deputados entre esta semana e a próxima. Ele reconheceu que o texto final dificilmente agradará todos os setores envolvidos, mas ressalvou que foi feito “o que era possível”.
“Não é o Código dos sonhos dos ambientalistas, não é o Código dos sonhos daqueles que queriam outro tipo de ação por parte da área rural, mas eu diria que é o Código da média da sociedade brasileira. Ali se fez o que era possível, se escreveu aquilo que era permitido, e chegou-se a conclusões que eram inevitáveis”, disse Mendes Ribeiro.
O ministro lembrou que, desde o início das discussões para a criação do novo Código Florestal, o Governo Federal e os parlamentares enfrentaram “muitas dificuldades” para chegar a um texto que contemplasse os interesses de ambientalistas e ruralistas. Os dois setores discordam em muitos pontos da lei, especialmente sobre a Emenda 164, que trata, entre outros temas, de ocupações em Áreas de Preservação Permanente (APPs), como beira de rios, topos de morros e encostas.
“A Emenda 164 causou muita celeuma, eu era líder do PMDB em exercício e confesso a vocês que defendi a aprovação, porque não tínhamos outro instrumento para viabilizar a segurança jurídica do produtor. E naquela ocasião eu expliquei que iríamos corrigir posteriormente”, afirmou Ribeiro.
Ele aproveitou para destacar o trabalho do deputado federal Moacir Micheletto – falecido em acidente automobilístico no mês passado – na criação do Código Florestal. “O Micheletto teve um papel importante na construção deste Código, era um deputado muito atuante nas questões da agricultura e seu conhecimento fará falta ao Parlamento”, disse o ministro.
Sobre a expectativa do governo quanto à votação final na Câmara dos Deputados, Mendes Ribeiro disse que estão sendo feitos “todos os esforços” para votar ainda nesta semana. “Mas todos aqui sabem como é a questão do Parlamento, precisamos arredondar todas as questões e avançar no que pudermos avançar. Acredito que nesta semana seja votado o texto do relator, e os destaques ficam para a semana que vem”, concluiu.
Febre aftosa
Em relação à preocupação do ministério com a febre aftosa, Mendes Ribeiro disse que recebeu da presidenta Dilma Rousseff a determinação de livrar o país da doença, e vai perseguir este objetivo por meio das campanhas de vacinação. “Até 2013 eu tenho que apresentar o Brasil livre de febre aftosa com vacinação, e nós temos sido muitos duros no que diz respeito a esta doença”, afirmou.
Questionado se o país teria condições de se livrar da aftosa sem vacinação, Mendes Ribeiro foi cauteloso. “Não me interprete mal, mas não acredito que isso seja uma coisa necessária. A OEA já está aceitando que um Estado livre de aftosa sem vacinação não tem diferença de outro com vacinação. Vocês não podem imaginar o desespero de Santa Catarina com a questão da aftosa no Paraguai, porque sem vacinação é muito mais suscetível, mais vulnerável”, disse.
Segundo o ministro, não é possível tratar a aftosa no Sul da mesma forma como é tratada no Norte do país. “É preciso regionalizar esta questão, ter isso sob controle no sentido exato da palavra, porque aí os nossos produtores é que serão beneficiados. É isso que estamos buscando, e temos obtido avanços importantes”, afirmou o ministro da Agricultura.
Participaram da recepção ao ministro o prefeito de Umuarama, Moacir Silva; o superintendente federal do Ministério da Agricultura no Paraná, Daniel Gonçalves filho; o presidente da Sociedade Rural de Umuarama, Júnior Peres; os deputados federais Osmar Serraglio, Zeca Dirceu e Nelson Padovani; os prefeitos de Cianorte, Edno Guimarães; de Ivaté, Sidinei Delai; de Perobal, Almir de Almeida; de Cafezal do Sul, Marco Bogás; e de Cruzeiro do Oeste, Valter Rocha, o Valtinho, além do filho do ex-deputado federal Moacir Micheletto, Marcelo Micheletto.
Programa vai neutralizar gás gerado pela pecuária
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro, lançou ontem em Umuarama, junto a autoridades municipais e regionais, o Programa Vida Leite, uma parceria da Prefeitura de Umuarama e do Lions Clube. A iniciativa pretende neutralizar o gás gerado pela pecuária leiteira do município por meio do plantio de árvores.
“O projeto é extremamente interessante e digno de ser copiado para todo o Brasil, é um ensinamento, uma lição. O leite está surgindo como alternativa em vários lugares onde antes se plantava o fumo, sua produção tem crescido de forma extraordinária no território brasileiro, e programas assim servem como um incentivo a mais”, afirmou Mendes Ribeiro.
Estudos apontam que três árvores são necessárias para absorver o gás gerado anualmente por um bovino. Com isso, cerca de 30 árvores devem ser plantadas para cada novilho que nascer no município, através do Programa de Inseminação Artificial (PIA), ou também em outras propriedades, cujos produtores demonstrarem interesse em participar da iniciativa.
A Secretaria Municipal da Agricultura também doará mudas de espécies nativas para composição de reserva legal e recuperação de mata ciliar. Com o programa, os rebanhos também podem ser beneficiados com o conforto térmico proporcionado pelas árvores, que produzem sombra nas pastagens.
O número de árvores para cada bovino foi definido de acordo com a expectativa de vida dos animais. São em média três arvores para cada ano. Como a vida útil dos animais é de 10 anos, foi indicado o plantio de 30 mudas após o nascimento do bezerro. A pecuária leiteira gera em média 1.500 bezerros por ano em Umuarama. Caso todos os produtores de leite entrem no programa, serão plantadas anualmente 45 mil mudas.
Ao final da solenidade, Mendes Ribeiro e o prefeito Moacir Silva fizeram a entrega simbólica da primeira muda para o produtor rural João Berta. Em seguida, ministro e autoridades plantaram uma árvore em frente à sede da Sociedade Rural de Umuarama, onde está sendo realizada a Expo Umuarama 2012.