Na Fazenda Santa Maria lavoura de 70 anos divide espaço com café de outra geração: 11 meses

Por: Bom Dia Rio Preto














José Carlos Moreira/Agência BOM DIA 
 

Em Guapiaçu, a 35 km de Rio Preto, Gentil Polachini e seu filho, Egydio Polachini Neto, encontraram maneira criativa de ganhar dinheiro. Ao lado da velha lavoura de café Novo Mundo, de 70 anos de idade, plantaram variedades modernas de café (Ubatã e Sarchimor) e estão colhendo grãos de fina qualidade dos pés com apenas um ano e 11 meses.

A produção dos jovens cafeeiros é espantosa: um pé de meio metro de altura chega a produzir cinco litros (ou três litros de café seco). No total, a fazenda de 135 alqueires e 70 mil pés, 30 mil velhos e 40 mil novos, produz em média 2.500 sacas/safra.

Como os Polachini possuem máquina de secagem e beneficiamento na própria fazenda e uma indústria onde o café é torrado, moído e empacotado à vácuo (a sete quilômetros dali), acontece este milagre: num passe de mágica, em dez dias os grãos que estavam nos pés se transformam no Café Polaco, à venda nos melhores supermercados da região noroeste paulista.

Apostar no café quando todos apostam na cana é desafio para Polachini. O pecuarista Antônio Cury acha que Gentil está certo e vai ganhar muito dinheiro.


Onde o velho e o novo se confundem

José Domiciano Pinto Filho, 53 anos, administrador, diz que quando Gentil comprou as terras, em 1977, havia 100 mil pés de café. Cerca de 70 mil foram erradicados; no restante houve poda e adubação química, reforçada com adubo orgânico. A lavoura rejuvenesceu.

Ao lado dos velhos pés foram plantados 40 mil cafeeiros novos, que são mais precoces, começam a produzir aos dois anos e são resistentes a praga e a ferrugem. A safra de café Novo Mundo, o de 70 anos, é colhida no chão e sua secagem é no terreiro. O café mais novo é colhido na peneira e a secagem se processa em lonas impermeáveis, garantia de bebida melhor.

Na própria fazenda o café vai ao grande secador de 60º (forno à lenha) e dali para a máquina de beneficiamento. Grãos de bebida fina são selecionados para exportação. A seleção fica por conta do jovem especialista Egydio Polachini Neto, com cursos de provação de café no IBC. É ele quem seleciona os grãos que vão para a indústria de torrefação e moagem da família, em Cedral.

Como a fazenda não produz todo café de que necessita, os Polachini compram a reduzida produção de café da região. Quarta-feira última, Neto viajou a Minas Gerais para comprar café.

A chuva precoce que caiu na região de Rio Preto segunda-feira última (choveu 35 milímetros na fazenda), fez nascer muitos botões nos dez mil pés de café plantados há 11 meses pela filha de Gentil, Maria das Graças, em sua parte da fazenda. A floração virá em breve e daqui a um ano Gracinha colherá sua primeira safra. São os novos tempos do café, que antigamente demorava três anos para produzir.


Máquina que seca café é à lenha

O administrador Zé Domiciano (em primeiro plano) e o maquinista Dorair Donizete, no forno à lenha do secador de café. Quando Gentil Polachini comprou a fazenda Santa Maria, de Francisco de Carvalho, em 1977, já encontrou instalada, e em funcionamento, a máquina de beneficiamento de café, com o forno à lenha que acelera o processo de secagem dos grãos em coco.

Foi quando colocou a filha Maria das Graças para tomar conta da máquina beneficiadora de Engenheiro Schmitt, distrito de Rio Preto, e mandou o filho Egydio Polachini Neto fazer curso de ‘provador’ e ‘classificador’ de café, no IBC. Afinal a família tem tradição. O saudoso pai Gildo Polachini dominava a região na década de 60, tempos áureos do café.

Para fechar o círculo, Gentil instalou em Cedral, a sete quilômetros da fazenda, a indústria de torrefação, moagem e empacotamento. Instalou equipamento de primeiro mundo (empacotamento a vácuo) e conquistou selo de qualidade da Associação Brasileira da Indústria do Café, Abic.

Com o nome Poleco, o café vem ganhando mercados e já aparece nos supermercados da região. Hoje o negócio é apenas bom, mas pode ficar ótimo quando a cana tomar conta do que resta da lavoura de café.


Conilon de oito anos já está com 7 metros

O administrador Zé Domiciano faz questão de mostrar algumas “curiosidades” da fazenda. E nos leva a um gigantesco pé de café Conilon, sete metros de altura e apenas oito anos de vida. Os frutos são menores, a variedade não se adaptou ao nosso clima, vai bem em Rondônia e no Espírito Santo.
E mostrou também um pé de café Catuaí em plena produção, aos dois anos, com frutos amarelinhos.


Horta, porco caseiro e até galinha caipira

Os colonos da fazenda do Gentil estão felizes da vida. Plantam milho para alimentar porcos caseiros e galinhas caipiras, além de cultivar uma horta que tem de tudo e mais um pouco.
O leite crú vem do vizinho, o café é torrado e moído na hora, as casas têm tevê, geladeira e fogão à lenha. “Fora uma geringonça de fazer garapa”, diz o ‘peão’ Airton. Ele parece feliz.







28/5/2006 Walter do Valle

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