Na BM&F, boi gordo volta a subir
Por Luiz Henrique Mendes | De São Paulo
Ainda que de forma menos intensa da que ocorreu nos últimos meses, as commodities agrícolas voltaram cair no mercado futuro de São Paulo em maio, ainda refletindo a pressão vinda das colheitas recordes de soja e milho, bem como pela maior produção de cana e do excedente de oferta de café.
Entre os cinco produtos agropecuários negociados na BM&FBovespa, a exceção, mais uma vez, foi o boi gordo, que reage à perspectiva de um início de entressafra mais difícil para os frigoríficos do país.
Conforme levantamento do Valor Data com base nos contratos futuros de segunda posição de entrega, o etanol registrou a maior desvalorização. Em maio (o balanço foi fechado até o dia 29), o preço médio do biocombustível recuou 7,17% ante o mês anterior, para R$ 1.071,03 por m³. Na comparação com a média de dezembro, a desvalorização atinge 9,08%.
A queda do etanol no período reflete, principalmente, o forte avanço da colheita de cana-de-açúcar no Centro-Sul, região que responde por 90% da produção etanol do país. No acumulado da safra 2013/14 até a primeira quinzena de maio, foram processadas 81,11 milhões de toneladas, mais que o dobro da moagem registrada no mesmo intervalo da safra passada. Outro fator que pressiona o etanol é a decisão das usinas de elevar a produção do biocombustível em detrimento do açúcar.
A produção recorde de soja no Brasil na safra 2012/13 continuou pesando sobre a oleaginosa em maio. O preço médio da commodity no período na BM&FBovespa caiu 1,05% na comparação. Entre janeiro e maio, a desvalorização é ainda maior, de 11,95%. Também refletindo uma colheita recorde no Brasil, especialmente na safra de inverno, as cotações médias do milho caíram em maio 0,45% na comparação com o mês anterior e 23,21% ante a média de dezembro.
Depois de dar uma trégua no mês passado, o café arábica voltou a registrar perdas em maio. Com o início da colheita da maior safra brasileira para um ano de baixa do ciclo bianual do café em meio a estoques já elevados, o preço médio da commodity sofreu uma desvalorização de 0,40% ante abril na bolsa paulista. Na comparação com o fim de dezembro, a retração é de 10,02%.
Mais uma vez, o boi gordo foi a exceção, com uma alta de 0,27% na comparação com a média de abril e de 2,62% sobre o fim do ano. Os preços futuros do gado refletem, de um lado, um início de entressafra mais difícil, com restrição de oferta nos meses de julho e agosto. Na outra ponta, a demanda dos frigoríficos segue forte diante do bom momento das exportações de carne bovina.