Araguari é uma referência em tecnologia na produção do grão, com um dos maiores índices produtivos da região: 40 sacas por hectare
23 de Março de 2017 – A irrigação é peça fundamental na produção de café de Minas Gerais. No Brasil, a técnica tem ganhado espaço e existe potencial para irrigar ainda mais cafezais. Tecnologia para isso não falta. Este e outros assuntos foram discutidos no último dia da Feira Nacional de Irrigação em Araguari, no Cerrado mineiro.
Araguari é uma referência em tecnologia na produção de café. Não é por acaso que o município representa um dos maiores índices produtivos do Cerrado mineiro: 40 sacas por hectare. São quase 20 mil hectares em produção e mais de 90% são irrigados.
O presidente da Associação de Cafeicultores de Araguari, Cláudio Morales, afirma que a qualidade está atrelada ao fato de não chover na colheita.
“As chuvas só se normalizavam após a primeira quinzena de outubro. Tinha ano que nós perdíamos a safra do ano todo porque a florada não vingava. Foi aí que nós passamos a colocar alguma sistema de irrigação para salvar essa primeira florada do cafezal”, conta.
A irrigação mudou a forma de produzir café no Brasil. Ela é decisiva para a expansão de área. Entidades do setor acreditam que atualmente 15% de todo o parque cafeeiro nacional é irrigado, uma área de 300 mil hectares, que é responsável por 30% da produção nacional. Mesmo com estes números, especialistas acreditam que o Brasil ainda utiliza pouco a tecnologia, em comparação com outros países.
“O Brasil irriga 6,2 milhões de hectares em todas as atividades. Isso corresponde cerca de 10% do que a China faz, 10% do que a Índia irriga e 20% do que os Estados Unidos fazem. Por trás de tudo isso, você tem a gestão, que precisa ser muito bem colocada, com conservação de solo e água”, aponta o presidente da Associação Brasileira de Irrigação de Drenagem, Helvécio Matanna Saturnino.
No Cerrado mineiro os números estão acima da média nacional. Dos 200 mil hectares em produção, 34% são irrigados. Na safra passada, a região foi responsável por um terço de todo o volume de café produzido no estado.
Segundo o pesquisador André Luís Fernandes, da pró-reitor de pesquisa da Universidade de Uberaba (Uniube), o gotejamento custa em torno de R$ 7 mil a R$ 8 mil por hectare para implantar. Ele afirma que, antes de decidir qual sistema utilizar, o agricultor deve ficar atento para alguns pontos.
“Primeiro, quantidade e qualidade da água para definir se vai ser gotejamento ou aspersão, tanto mecanizada, como convencional. Temos dois sistemas que variam R$ 2 mil a R$ 10 mil para implantar. Depois a topografia, tipo de solo, textura, profundidade de solo e mão de obra disponível na propriedade”, conta.
Com o crescimento da irrigação no café, novas tecnologias começam a aparecer para o agricultor. Um aparelho, que chegou ao Brasil há seis meses, permite que o produtor controle, por meio de tablet ou celular, o volume de água e fertilizantes que serão aplicados na lavoura. Basta instalar um chip de celular na máquina e ter sinal de internet.