“Os impactos das mudanças climáticas são cada vez mais evidentes na cafeicultura, afetando diretamente a produtividade e a qualidade do café”. É o que afirma o professor Dr. Rafael Battisti, da Universidade Federal de Goiás (UFG), que faz sua análise sobre o tema, destacando os desafios e soluções para os produtores.
A Fenicafé 2025, que ocorreu de 07 a 10 de abril em Araguari (MG), sempre apresenta discussões essenciais para o futuro da cafeicultura brasileira. Entre os temas de destaque, as mudanças climáticas e seus impactos na produção de café ganharam atenção especial.
Segundo o professor Battisti, eventos climáticos extremos, como estiagens prolongadas, tendem a se tornar mais frequentes, aumentando significativamente os riscos para os produtores. “Problemas que já ocorrem atualmente tendem a se repetir com maior frequência. Por exemplo, secas que antes aconteciam a cada dez safras poderão ocorrer com muito mais frequência, aumentando a vulnerabilidade da produção”, explica.
A elevação das temperaturas e a irregularidade das chuvas têm impacto direto no cafeeiro. A planta precisa de uma quantidade adequada de água para a transpiração, e qualquer desequilíbrio nesse processo pode resultar na redução da fotossíntese. “Se a temperatura ultrapassa a faixa ótima para a cultura, a eficiência fotossintética diminui, reduzindo não apenas a produtividade, mas também a qualidade dos grãos. A planta entra em estado de estresse e foca sua energia na sobrevivência, comprometendo a formação dos compostos que garantem aroma e sabor ao café”, detalha Battisti.
Para mitigar esses impactos, algumas estratégias são essenciais. O primeiro passo é avaliar se a região de cultivo continua adequada para o cafeeiro, pois mudanças nos padrões climáticos podem tornar a produção inviável, principalmente em áreas com solos de baixa capacidade de retenção de umidade. Se a área for propícia, o produtor deve focar na melhoria da gestão do solo, garantindo que a planta tenha acesso à água armazenada durante períodos de estiagem.
Nesse contexto, a irrigação se torna uma ferramenta fundamental para garantir maior estabilidade na produtividade. “A irrigação reduz a variabilidade entre safras e mitiga impactos climáticos como estiagens e aumento da temperatura do ar, permitindo um cenário produtivo mais previsível e seguro economicamente”, reforça o professor.
Entre as principais tendências para a adaptação climática, estão a adoção de plataformas tecnológicas para análise de dados e planejamento agrícola. Essas ferramentas permitem aos produtores identificar e mitigar perdas na produção de café, muitas vezes atribuídas exclusivamente ao clima, mas que também podem estar relacionadas a falhas no manejo. “Estimamos que de 40% a 45% da perda de produtividade seja causada por práticas inadequadas, e não apenas por eventos climáticos extremos. Um manejo adequado do solo, a irrigação eficiente e a escolha de variedades mais adaptadas ao novo clima são medidas fundamentais para garantir a sustentabilidade da cafeicultura”, conclui Battisti.
Com a crescente incerteza climática, a busca por soluções inovadoras e manejos mais eficientes serão essenciais para a sobrevivência e o sucesso da cafeicultura.
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