VIDA
18/08/2010
Até 2020, as transformações que a agricultura do Brasil deve sofrer com as mudanças climáticas vão contribuir para diminuir o Produto Interno Bruto (PIB) em 0,29% e piorar a desigualdade de renda. É o que mostra uma simulação feita pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, pelo economista Gustavo de Moraes.
O pesquisador estudou o assunto durante seu doutorado na Esalq, orientado pelo professor Joaquim Ferreira Filho.
Moraes baseou-se em previsões da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre a perda de áreas de cultivo de produtos agrícolas com grande importância econômica, como soja, café, arroz, feijão e algodão.
A Embrapa serviu-se de seis cenários de mudanças climáticas propostos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU.
O economista escolheu dois cenários: um previa mudanças brandas até 2020 e perda pequena em terras aráveis; o outro, aumentos mais graves de temperatura até 2070 e perdas maiores de terras aptas para produção agrícola. Com os dados, alimentou um modelo econômico – uma série de equações que mostra como perdas na agricultura impactam os outros setores da economia.
Resultado desanimador Segundo o estudo, as perdas econômicas acontecem de forma desigual: o PIB do Nordeste em 2020 será 4% menor do que seria caso não houvesse mudança climática.
Já o Sudeste teria um aumento de 0,83%. No CentroOeste, a queda é de 2,9%, concentrada nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Para 2070, a pesquisa mostra uma queda do PIB brasileiro em 1,1%. No Nordeste, a queda seria 6,13% e o aumento, 0,36%.
O modelo também prevê aumento dos custos de produção de alimentos – que acontece de forma desigual no país.
O pesquisador diz que simulações como esta são boas para prever tendências, mas não para apontar dados exatos.