Mudança do clima pode afetar habitat do café da espécie arábica, diz estudo

08/11/2012 
 

Áreas disponíveis para crescimento de planta podem sumir em 70 anos. Pesquisa foi divulgada na publicação científica ‘PLoS ONE’.
 
Do Globo Natureza, em São Paulo

O grão de café arábica que existe na vida selvagem corre o risco de desaparecer da natureza nos próximos 70 anos devido aos efeitos da mudança climática, sugere estudo divulgado nesta quarta-feira (7) na publicação científica “PLoS ONE”.


Segundo a pesquisa, áreas na natureza onde hojem crescem livremente plantas desta espécie (sem a influência da agricultura) podem desaparecer até 2080 devido à ausência de condições climáticas suficientes para o crescimento deste vegetal.


Os dados foram levantados por pesquisadores do Jardim Botânico Real, de Londres, em conjunto com cientistas da Etiópia, um dos principais habitats de café arábico.


Os pesquisadores desenvolveram três cenários de emissões de gases causadores do efeito estufa, um dos principais responsáveis pela elevação da temperatura global e mudança do clima. As projeções foram feitas para paisagens da Etiópia e do Sudão do Sul nos anos de 2020, 2050 e 2080.


Segundo o estudo, nos períodos analisados pode ocorrer uma redução entre 38% e 99% da quantidade de áreas favoráveis para o desenvolvimento do café arábica. O cenário de perda mais crítico está previsto para 2080. De acordo com os cientistas, tal índice ameaçaria a sobrevivência do vegetal e elevaria o risco de extinção do grão na natureza.


Os cientistas avaliaram nesse estudo apenas a sobrevivência do café arábica mediante os efeitos da mudança climática, sem cogitar o impacto na qualidade ou produtividade da bebida (que também pode sofrer influência do fenômeno).
Concurso comemora 100 anos do café conilon no estado. (Foto: Divulgação/Seag)Aquecimento global pode prejudicar habitat original do café da espécie arábica (Foto: Divulgação/Seag)


Espécie arábica é predominante no Brasil
Segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra de 2011 o Brasil produziu 48,09 milhões de sacas de café (pacotes com 60 kg), sendo que 36,82 milhões de sacas foram de grãos da espécie arábica.


Por ser considerado o quarto maior produtor mundial desta commoditie (segundo informações da Associação Brasileira da Indústria de Café, a Abic), o país também estuda possíveis impactos do aumento de dióxido de carbono (CO2) no café cultivado no país.


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) deve colher resultados em 2013 de um experimento conhecido como Face (sigla para “Free Air Carbon Dioxide Enrichment”), que “bombardeia” cafezais com CO2. Isto possibilitará saber como o café brasileiro pode ser afetado pelas emissõesmpacto das emissões nas plantações brasileiras.


Ao menos 135 especialistas vão analisar o efeito desta concentração sobre os grãos, se há aumento da densidade de pragas e doenças que possam prejudicar o sabor da bebida. O estudo tem investimentos de R$ 2 milhões, parte proveniente do governo federal.
 

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