28/08/2009 – Pesquisadores prevêem que a mudança climática global prejudicará a produção do reconhecido café da América Central nas próximas décadas, mas atualmente alguns produtores de terras baixas na Guatemala já estão sentindo seus efeitos.
Projeções das Nações Unidas indicam que as temperaturas subirão de um a seis graus no próximo século, o que inviabilizará terras baixas e obrigará produtores a mudar para territórios mais altos. Os pesquisadores que fizeram um estudo de quatro anos sobre os efeitos da mudança climática sobre pequenas fazendas de café da Guatemala falaram que muitos produtores estão lutando para poder continuar com seus cultivos em regiões baixas.
As exportações de café gourmet da Guatemala têm sido consistentes nos últimos cinco anos, oscilando entre 3,3 e 3,8 milhões de sacas de 60 quilos por safra, devido ao fato de os produtores de terras altas, com microclimas, terem sido pouco afetados.
Alguns produtores do país de áreas úmidas estão lutando com os climas extremos e imprevisíveis, o que, de acordo com especialistas, são consequências da mudança climática. Os produtores de Cerro de Oro, povoado localizado entre vulcões próximo a Lago Atitlán, têm sido castigados por chuvas torrenciais, assim como por secas nos últimos anos. Na Nicarágua, muitas terras baixas dedicadas ao cultivo do café acabarão ficando inviáveis para a produção do grão à medida que as temperaturas subam.
Algumas ideias para auxiliar os produtores com as consequências da mudança climática incluem esquemas mediante os quais os produtores de zonas de risco podem ter acesso a empréstimos em condições favoráveis em troca de plantar cultivos recomendados e desenvolver variedades mais resistentes.
Porém, os especialistas advertem que os esforços de organizações não governamentais e do setor privado poderão não ser suficientes para conter o que vem por aí. “O Governo deve mirar estrategicamente onde pode ser cultivado o café nos próximos 30 ou 40 anos e ver que outras áreas claramente ficarão de fora rapidamente”, disse o especialista em matérias-primas do britânico Centro Internacional para a Ciência e a Agricultura, Peter Baker. Outro tipo de ajuda poderá surgir se houver um acordo mundial sobre mudança climática esse ano em substituição do Protocolo de Kyoto.