SÃO PAULO
14/04/2010
JOSÉ MARIA TOMAZELA DA AGÊNCIA ESTADO
O Movimento dos Sem-Terra (MST) deu sequência ontem à jornada nacional de lutas pela reforma agrária, conhecida como \”abril vermelho\”, em São Paulo com a invasão de cinco prédios públicos e três fazendas no interior do estado. Entre os alvos, está a Fazenda Tozan, antiga Monte D\\\’Este, no município de Campinas, um patrimônio histórico datado de 1798. A propriedade de 495 hectares foi invadida por 150 militantes.
Aberta ao turismo, a fazenda registra parte da história do café e da cana-de-açúcar no estado, mantendo preservadas máquinas e instalações da época, além de senzala e museu. A propriedade foi comprada em 1927 pela família Iwasaki.
Também foi invadida por cerca de 100 integrantes a fazenda Guaçaí, com 450 hectares, em Taubaté, no Vale do Paraíba.
Na região de Iaras, Centro-Oeste do estado, 120 militantes tomaram uma área desmembrada da Fazenda Noiva da Colina no município de Borebi. As terras estão ocupadas por uma plantação de cana-de-açúcar. A propriedade fica próxima da fazenda Santo Henrique, da Cutrale, invadida e depredada no final do ano passado.
PARECER DO INCRA. De acordo com o dirigente nacional Gilmar Mauro, todas são propriedades consideradas improdutivas em vistorias realizadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). \”Apesar disso, nada se fez até agora para que essas terras cumpram sua função social.\” Militantes do MST invadiram ainda os escritórios regionais da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), em Itapeva (duas unidades) e Araraquara, e núcleos de apoio do Incra, em Araraquara e Iaras.
Com as novas invasões, subiu para seis o número de repartições tomadas pelo movimento no estado o Incra de Bauru foi invadido na segunda-feira.
O Itesp informou que seus escritórios foram desocupados ao longo do dia – o de Araraquara, ainda pela manhã. O MST reivindica melhorias nos assentamentos e a retomada da reforma agrária no estado. De acordo com Mauro, apenas na região de Iaras cerca de 20 áreas estão em fase de arrecadação para abrigar assentamentos, mas os processos seguem lentos na Justiça.
A administração da Fazenda Tozan informou que os semterra entraram numa área de lavoura, onde havia sido plantado tomate no ano passado. Advogados foram orientados para entrar com ação de reintegração de posse.