Por Cargo News – São Paulo/SP
O Porto de Santos, localizado na cidade do mesmo nome, em SP, já é o maior porto da América Latina, no entanto, as previsões são de crescimento contínuo nos próximos anos.
Cada vez mais, empresas investem em terminais ou armazéns, ampliando a fatia de participação da economia local e, consequentemente, nacional. Nesta entrevista, o presidente da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), que administra o espaço desde 2008, José Roberto Correia Serra, fala do crescimento do Porto, dos investimentos e dos desafios.
Cargo News : Qual a evolução do Porto de Santos, principalmente no tocante ao setor cargueiro, nos últimos anos?
José Roberto Correia Serra: O Porto de Santos duplicou a movimentação de cargas nos últimos 10 anos, passando da marca de 48 milhões de toneladas em 2001 para 96 milhões em 2010, devendo chegar a 103 milhões neste ano. Segundo estudo do Banco Mundial, na movimentação de contêineres Santos subiu 20 lugares no ranking mundial, desde 2007, passando da 61ª colocação para 41ª em 2010.
A seguir a participação de Santos na pauta de exportações brasileiras. Suco de laranja (95%); carne bovina (84%); café em grãos (70%); álcool etílico (69%); algodão cardado (64%); açúcar de cana (63%) e milho (47%).
Cargo News: Qual a participação das entidades nos investimentos no Porto?
José Roberto Correia Serra: Algumas empresas estão investindo no Porto de Santos, como a Terminal 12A, com investimentos de R$ 100 milhões; a NST Suco de Laranja e Celulose, que está investindo R$ 66 milhões; a TECONDI está ampliando o Terminal Contêiner, com investimentos de R$ 170 milhões. A BTP (Brasil Terminal Portuário) também está investindo R$ 1,5 bilhão em contêiner/granel líquido e a Embraport, que está investindo R$ 1,1 bilhão.
Cargo News: No segmento de contêineres, quais os investimentos previstos para o Porto a curto, médio e longo prazos?
José Roberto Correia Serra: Além dos terminais acima citados (BTP e Embraport) que, juntos elevam para 8 milhões de Teu a capacidade do Porto, pode-se considerar previsão de médio e longo prazos os seguintes projetos: Terminal de Contêiner Conceiçãozinha/ Prainha/Libra, com investimentos de R$ 1,76 bilhão.
Cargo News: Quais os pontos forte e fraco do Porto?
José Roberto Correia Serra: O Porto de Santos é estrategicamente um porto com localização privilegiada no centro da costa sul americana, atendendo em sua hinterlândia primária maior região produtora (agroindustrial) e consumidora do país, além de ser o maior e mais diversificado porto brasileiro, contando com uma rede de acessos formada por quatro rodovias, três ferrovias, intermodalidade com a hidrovia Tietê Paraná e dutovias da Transpetro. Lidera na oferta de frete marítimo com atendimento regular pelas linhas dos principais armadores, além de terminais modernos dos principais players no trade instalados no país.
O grande desafio é a ampliação da capacidade ofertada. Estudos especialmente realizados para Santos apontam demanda de 230 milhões de toneladas até 2024 e a administração já tem planejado as ações necessárias tanto de incremento da infraestrutura (aprofundamento para 17 metros do canal de navegação, adequação de berços para as novas profundidades, maior oferta de berços e conclusão do novo sistema viário interno do Porto) como de expansão para instalação de novos terminais.
Cargo News: Foram feitas alterações na Lei de Uso e Ocupação do solo do município de Santos. Como isso pode interferir na logística e nos trabalhos do Porto?
José Roberto Correia Serra: A Prefeitura de Santos conta com uma secretaria especializada nos assuntos portuários, que trabalha de forma bem harmônica com os interesses de desenvolvimento do Porto de Santos. A administração portuária entende que a Lei garantiu área para a expansão física do Porto.
Cargo News: O governador Geraldo Alckmin anunciou a licitação, ainda neste ano, para a ligação do Rodoanel metropolitano ao Porto de Santos com as dez auto-estradas que chegam a São Paulo, região metropolitana e Cumbica. O senhor acredita que estas obras possam começar já no ano que vem? Quais benefícios trarão ao Porto e à logística local?
José Roberto Correia Serra: As melhorias nas conexões com o Porto de Santos permitem, de forma geral, um timing mais preciso para o escoamento das cargas, possibilitando melhoria na performance de atendimento nos terminais a partir de um agendamento confiável para a entrada e saída de mercadorias via rodoviária.
Cargo News: O Brasil sofre com o modal ferroviário. Como o Porto de Santos é afetado nisso? Existem projetos para melhorias entre o Porto e o modal ferroviário?
José Roberto Correia Serra: O Porto tem uma participação de cerca de 13% no modal ferroviário, fortemente influenciado pela elevada utilização da ferrovia das commodities agrícolas. Os projetos de implantação de novo sistema viário no Porto privilegiam o incremento da ferrovia a partir da eliminação de gargalos, com traçados que segregam as vias e passagens em desnível com instalação de viadutos em pontos estratégicos para transposição sem conflito dos diferentes modais. Além disso, projetos do setor privado também visam maior utilização do modal, contribuindo para o equilíbrio da matriz de transporte.