Associação visa explorar mercado de cafés especiais, principalmente na Ásia
Por Carine Ferreira | De São Paulo | Valor Economico
O grupo brasileiro Montesanto Tavares, que atua na comercialização de café verde, formalizou no fim de semana um acordo com a trading japonesa Itochu para a criação de uma joint venture, batizada de Cafebrás – Cafés do Brasil S/A.
Com sede em Patrocínio, no Cerrado Mineiro, a nova companhia tem como meta ampliar as exportações de café verde de alta qualidade, principalmente para a Ásia, além de Europa e Estados Unidos. A Montesanto já possui, desde 2010, uma empresa na Flórida, a Ally, que exportou no ano passado 158 mil sacas de cafés especiais e prevê alcançar 300 mil sacas neste ano.
A nova empresa, que começa a funcionar neste ano, deverá contribuir para um aumento de aproximadamente 10% na receita da holding Montesanto, para cerca de R$ 640 milhões, segundo Ricardo Tavares, diretor-presidente do grupo Montesanto Tavares. A maior parte do faturamento do grupo vem da área de café, mas a holding também possui negócios nas áreas de mogno, transporte, logística e armazenagem.
O grupo, criado em 2000, após a venda pela família Tavares do Café 3corações para a israelense Strauss, é o controlador da Atlântica, considerada uma das dez maiores exportadoras de café verde do país. A Atlântica embarcou 800 mil sacas para vários países em 2012 e projeta vender ao exterior 950 mil sacas neste ano. A comercialização total, que inclui o mercado interno, deverá chegar a 1,25 milhão de sacas em 2013, segundo Rogério Schiavo, vice-presidente da Atlântica Participações.
A Atlântica já vende café para a Itochu, que tem parcerias com empresas exportadoras de café em países como Guatemala e El Salvador, mas que ainda não opera no Brasil. A trading japonesa quer aprofundar o conhecimento sobre o mercado brasileiro de café, e a Cafebrás pretende explorar mais o mercado na Ásia, utilizando a Itochu como canal de venda, explica Schiavo.
Takeshi Takasugi, diretor de operações da Itochu, afirma que os asiáticos estão consumindo mais café e buscam produto de melhor qualidade. Na região cresce muito o consumo de café solúvel, feito de grão robusta considerado de qualidade inferior, mas Schiavo estima que existe potencial de demanda para cafés de alta qualidade.