Monsanto anuncia repasse de R$ 8,3 milhões para projetos de pesquisa da Embrapa em biotecnologia

5 de novembro de 2009 | Sem comentários Biotecnologia Tecnologias

Pelo quarto ano consecutivo, o Fundo de Pesquisa Embrapa e Monsanto recebe, a título de royalties, repasse de verbas


Oito projetos de pesquisa da Embrapa, todos de biotecnologia voltados para a agricultura nacional, serão beneficiados com recursos, a título de royalties, destinados pela Monsanto. Entre as pesquisas beneficiadas estão o desenvolvimento de recursos genéticos de cereais adaptados à seca, de planta transgênica de feijão tolerante ao estresse hídrico, geração de mamoeiro resistente a múltiplas viroses e estudos envolvendo o bicudo do algodoeiro.


O anúncio foi feito hoje (4 de novembro), em cerimônia na sede da entidade, em Brasília (DF), com o repasse, por parte da Monsanto, de R$ 8,3 milhões para o Fundo de Pesquisa Embrapa e Monsanto. Os valores são oriundos do compartilhamento dos direitos de propriedade intelectual, a título de royalties, sobre a comercialização de variedades de soja da Embrapa com a tecnologia Roundup Ready® na safra 2008/2009. Os recursos serão aplicados em projetos de pesquisa da Embrapa (mais detalhes abaixo), escolhidos por meio de um comitê gestor do Fundo de Pesquisa que a Monsanto mantém em parceria com Embrapa.


De 2006 até este ano a Monsanto já repassou ao Fundo de Pesquisa aproximadamente R$ 20 milhões que beneficiaram dezenas de projetos em biotecnologia de diversas unidades da Embrapa.


O vice-presidente de Negócios da área Internacional da Monsanto Company, Jesus Madrazo, veio ao Brasil para prestigiar o evento. Para ele, esta parceria com a Embrapa abre caminho para o desenvolvimento de outras tecnologias que podem resultar em aumento de produtividade para os agricultores. A iniciativa também apóia projetos que podem tornar a agricultura mais sustentável. “Por conta das demandas agrícolas crescentes, é preciso um esforço conjunto para que possamos produzir mais e conservar mais. Estamos otimistas que, em parceria com clientes, políticos, cientistas, organizações não-governamentais, acadêmicos e indústria, podemos tornar a agricultura mais sustentável.”


De acordo com André Dias, presidente da Monsanto do Brasil, esta parceria com a Embrapa confirma o compromisso da empresa com a agricultura e os produtores. “Nossos investimentos para a agricultura estão voltados no desenvolvimento de tecnologias agrícolas que possam aumentar a produtividade, preservando os recursos naturais e que proporcionem melhora na vida dos agricultores. Em alinhamento a esse foco, sentimos um imenso orgulho em termos como parceiros a Embrapa, referência mundial no desenvolvimento de pesquisas agrícolas”, afirma o executivo.


Para a Embrapa, a parceria com a Monsanto é estratégica. “Acordos como este, com foco na pesquisa agrícola e inovação, são fundamentais, e estão alinhados com as prioridades do governo, no sentido de reunir os setores público e privado no enfrentamento do desafio global de aumentar a produtividade agrícola de maneira sustentável”, completa o diretor-presidente da Embrapa, Pedro Antônio Arraes Pereira.


Projetos contemplados


Os recursos irão contemplar os seguintes projetos de pesquisa da Embrapa:


– Expressão de genes envolvidos com a resposta ao estresse hídrico em plantas transgênicas de feijoeiro, com recursos de R$ 447 mil. O objetivo é a obtenção de plantas transgênicas de feijão tolerantes à seca, por meio da expressão de um gene isolado da soja e outro da mamona.  As plantas de feijão transgênico obtidas com expressão desses dois genes poderão ser tolerantes a outros tipos de estresse.


– Plataforma tecnológica para a expressão e produção de proteínas recombinantes em plantas, com R$ 690 mil. A ideia é desenvolver uma plataforma, a partir da parceria entre a Embrapa, o Ludwig Institute for Cancer Research, o New York Branch of Human Câncer Immunology at memorial Sloam-Ketting Cancer Center Research e o National Institute of Health (NIH), instituições consideradas referências nacionais e internacionais na área de clonagem de genes, transgenia, produção de biomoléculas e imunologia. O foco de atuação da plataforma será a expressão e a produção de proteínas de interesse da área médica e da agricultura em plantas como soja, por exemplo.


– Fenotipagem, avaliação de mecanismos de tolerância e associação genômica aplicadas ao desenvolvimento de recursos genéticos de cereais adaptados à seca, com R$ 3,3 milhões. O trabalho terá como objetivo identificar e caracterizar recursos genéticos e mecanismos fisiológicos e moleculares de tolerância à seca em arroz, milho, trigo e sorgo, avaliados em condições de campo. O desenvolvimento de cultivares tolerantes às limitações hídricas será uma alternativa sustentável para minimizar os impactos negativos das mudanças climáticas globais.


– Estudo do transcritoma do Bicudo do Algodoeiro (Anthonomus grandis) e da Broca Gigante (Telchin licus licus) para avaliação de genes candidatos a silenciamento por RNAi, com R$ 448,5 mil. O projeto buscará, por meio da transgenia de plantas, o controle dessas duas importantes pragas que afetam a agropecuária nacional.


– Desenvolvimento de estratégia baseada em RNAi para geração de mamoeiro resistente a múltiplas viroses, com R$ 450 mil. Este projeto visa ao desenvolvimento de novas linhagens de mamoeiros resistentes simultaneamente aos vírus da mancha anelar, do amarelo letal e o da meleira (principais doenças da cultura) utilizando ferramentas da biotecnologia. A produção de cultivares de mamoeiros resistentes à infecção por esses vírus é a opção mais promissora e desejável para ser utilizada em um manejo integrado de pragas.


– Aperfeiçoamento do sistema de manejo de Diabrotica spp. nas culturas do milho e batata, com R$ 443,9 mil. A Diabrotica speciosa é um inseto-praga que afeta diversas culturas no Brasil e que ocorre praticamente em todos os estados brasileiros e em vários países da América do Sul. A transferência de genes exógenos para espécies de plantas cultivadas a partir das novas técnicas de engenharia genética propiciou o desenvolvimento de cultivares resistentes a insetos. Os genes para resistência a insetos mais conhecidos e estudados até o momento são os que expressam as proteínas da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt). Serão criados métodos de estudo e manejo para os organismos geneticamente modificados (OGM), como monitorar em laboratório as populações de insetos quanto à suscetibilidade ao produto comercial.


– Caracterização morfológica e molecular de populações de Noctuideos e determinação da suscetibilidade a inseticidas e toxinas de Bacillus  thuringiensis, com R$ 217 mil. Para combater o aparecimento simultâneo de espécies de lagartas na cultura da soja produtores rurais têm-se utilizado cada vez mais de inseticidas químicos de amplo espectro (piretróides, organofosforados e carbamatos), o que tem restringido o uso de produtos de maior seletividade (por exemplo, o vírus AgMNPV da lagarta-da-soja e Bacillus thuringiensis). O incremento da utilização de piretróides e alguns organofosforados tem ocasionado aumento das populações de outras pragas, como, por exemplo, ácaros, dificultando o manejo adequado das pragas da soja. Portanto, o monitoramento é essencial nos programas de manejo de pragas para verificar se a ineficiência do controle químico é devida à seleção de genótipos resistentes ou ainda determinar a condição real da resposta das populações geográficas a um inseticida (ou toxina) e definir se existe a necessidade de modificar as táticas de manejo.


O restante da verba será direcionado ao aporte no Programa de Desenvolvimento de linhagens de soja geneticamente modificadas com os genes Bt e RR2, concomitante à elaboração de um programa de contenção e rastreamento – “Stewardship”, já em execução pela Embrapa Soja, com R$ 1,1 milhão, e para o gerenciamento e acompanhamento das atividades voltadas à execução dos trabalhos.


Sobre a Embrapa

Criada em abril de 1973, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem como missão viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira. Nas últimas três décadas, as pesquisas e tecnologias da Empresa e de seus parceiros resultaram em grandes transformações no agronegócio e na economia do Brasil.


Entre outros empreendimentos, o Brasil criou e desenvolveu de forma pioneira e inédita no mundo, a soja adaptada a regiões tropicais. Os resultados alcançados e o investimento em inovação fazem do País e da empresa referências em tecnologias para a agricultura tropical. O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e exportação de vários produtos agropecuários e as projeções indicam que também será, em pouco tempo, o principal pólo mundial de produção de biocombustíveis, feitos a partir de cana-de-açúcar e óleos vegetais. Graças a essa posição no cenário mundial, o País passou a influir decisivamente no preço e no fluxo de alimentos e outras commodities agrícolas.


A visão de futuro, a importância atribuída à formação de recursos humanos e a capacidade de estar em sintonia com o avanço da ciência fazem com que a Embrapa possa contribuir para que o Brasil esteja posicionado na fronteira do conhecimento, em temas emergentes como agroenergia, créditos de carbono e biossegurança e em áreas como biotecnologia, nanotecnologia e agricultura de precisão.


Sobre a Monsanto


A Monsanto está presente no Brasil há quase 60 anos. Pioneira no desenvolvimento de produtos com tecnologia de ponta na área agrícola – herbicidas, sementes convencionais e geneticamente modificadas –, busca soluções que proporcionem aos agricultores produzir mais com menos recursos. Para isso, investe anualmente mais de US$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, e pretende dobrar o rendimento de sementes de milho, soja e algodão até 2030, desenvolver sementes que reduzam em 1/3 a quantidade de recursos naturais por unidade produzida, e compartilhar expertise com produtores para ampliar o seu acesso a modernas tecnologias agrícolas, especialmente em países pobres e em desenvolvimento.


Considerada por 10 vezes consecutivas (2000 a 2009) uma das melhores empresas do Brasil para se trabalhar segundo guias divulgados pela revista Exame / Você S.A e pela revista Época, e uma das 100 melhores da América Latina (2004, 2005 e 2006), emprega hoje cerca de 2,7 mil pessoas. Em 2009, foi considerada a terceira empresa mais admirada do agronegócio pela revista Carta Capital. Também foi eleita em 2008 e 2009 pela revista Business Week como uma das 10 empresas mais influentes do mundo.


Faturou mais de R$ 2,5 bilhões no Brasil em 2008, produzindo e comercializando a linha de herbicidas Roundup, sementes de soja convencional (Monsoy) e geneticamente modificada (Roundup Ready®), sementes convencionais e geneticamente modificadas de milho (Agroeste, Sementes Agroceres e Dekalb), sementes de sorgo, algodão (Deltapine), e, ainda, sementes de hortaliças (Seminis). Em novembro de 2008 entrou no mercado de cana-de-açúcar, com a aquisição das empresas Canavialis e Allelyx, do Grupo Votorantim Novos Negócios. Em fevereiro de 2009 adquiriu os 49% restantes da MDM, reforçando sua posição no mercado de algodão.


Em 2008, a empresa destinou R$ 7,4 milhões a projetos socioambientais em todo o Brasil, tendo esse valor saltado para R$ 9,4 milhões em 2009.

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