Foi pelos meados do século XV. Um pastor abssínio, guardador de cabras, de nome Kaldi, vivia na costa ocidental do mar vermelho. Tinha à sua guarda dois rebanhos de cabras. Um deles se distinguia pela sua vivacidade e sua aparência saudável.
Kaldi, que era observador, quis saber a razão da diferença de comportamentos e notou que as cabras mais espertas se apascentavam num terreno onde crescia uma planta de frutos vermelhos, que elas devoravam com prazer. Tendo uma certa intuição, Kaldi decidiu fazer uma experiência: trouxe para o mesmo terreno as outras cabras e, em pouco tempo, elas também se modificaram, apresentando comportamento similar ao do grupo. Assim, Kaldi concluiu que era daquelas frutinhas que as cabras extraíam sua maior vitalidade. |
E foi provavelmente do nome daquela região – KAFFA – que se originou o nome”Café”, hoje usual ou semelhante em quase todas as línguas ocidentais. Mais tarde, um Xeque Árabe, Gemaledin Abou Muhammad Bensaid, à frente de seus guerreiros, percorreu a região de kaffa e ao voltar para o Yemen, levou consigo sementes da planta milagrosa que a arábia forneceria ao mundo, anos mais tarde, com o nome de “Coffea arábica”. O estimulante proibido Pelas suas propriedades estimulantes, o Café foi considerado , nas suas origens, na mesma categoria das drogas alucinógenas, como o ópio sempre muito difundido nas terras da Índia. Não somente no mundo árabe antigo, mas também entre os europeus, a má fama dessa bebida se espalhou rapidamente, provocando fortes reações das camadas mais conservadoras da sociedade.
Má fama
Dentre as “grandes inconveniências” arroladas pelas Senhoras inglesas em seu libelo contra o Café, em meados do século XVII, incluia-se esta, deveras aterradora, de que “a bebida ressecante e debilitadora gasta a força viril dos homens, e torna-os tão áridos como as areias da Arábia, de onde dizem que veio esse grão maldito”! Errata Contrariamente a esse preconceito, lia-se em anúncio parisiense do século XVIII: (o Café) “seca todo o humor frio, fortifica o fígado, alivia os hidrópicos pela sua qualidade purificante, igualmente soberana contra a sarna e a corrupção do sangue, refresca o coração e o seu bater vital, alivia aqueles que têm dores de estômago e quem tem falta de apetite, é igualmente bom para as disposições frias, úmidas ou pesadas do cérebro”.