O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem, em São Paulo, que a “Medida Provisória do Bem”, de socorro aos agricultores, será discutida na próxima semana em reunião de ministros. “Por enquanto a discussão está ocorrendo em nível técnico, e a conta sobre qual será o valor do pacote ainda não foi fechada. Qualquer número que eu disser agora será meramente especulativo.” Circulava em Brasília que as medidas sugeridas pelo Ministério da Agricultura, incluindo renúncia fiscal e liberação de recursos, exigiriam R$ 6 bilhões.
Rodrigues voltou a dizer que a ajuda ao setor precisa acontecer agora. “O período de comercialização da agricultura começa em março e vai até junho, e se não houver recurso no tempo em que ele é necessário, quando ele vier não será mais preciso.”
O ministério estimou em R$ 1,5 bilhão o volume de recursos necessário à comercialização da safra, cuja liberação também depende da aprovação do orçamento federal no Congresso. Em relação à reunião da próxima semana, Rodrigues se disse esperançoso sobre possível resposta positiva do governo e voltou a negar que colocou o cargo à disposição.
O governo está preocupado com a crise no agronegócio seja pelo efeito dominó na renda de outras atividades, como já apareceu na economia de Estados como Mato Grosso e Goiás, seja pela visão de longo prazo no combate à inflação.
Consultores da iniciativa privada ouvidos pelo ministro avaliam que a área plantada com grãos na próxima safra poderá cair até 8%. Somado ao decréscimo de 4,5% desta safra, em dois anos o recuo seria superior a 10%. “Isso resultaria numa redução de 25 milhões de toneladas de grãos”, disse o ministro.
Se nada for feito para atenuar a queda na área plantada, o País poderá ter de importar grãos, previu Rodrigues. Uma redução de área plantada superior a 10% equivale a 25 milhões de toneladas de grãos a menos no mercado. Uma eventual mudança do câmbio para cima dentro de um ou dois anos poderá transformar a agricultura de âncora da estabilização num fator de inflação, alertou.
Quanto à crise enfrentada pelos agricultores de Mato Grosso, o ministro disse que o Estado tem um agricultor moderno, eficiente e que não paga a conta por causa das questões de custos .O Banco do Brasil só deve se pronunciar na próxima semana sobre a renegociação das dívidas de custeio dos produtores matogrossenses